A Santa Casa de Campo Grande registrou um aumento de 30% no número e internações nos últimos meses, devido a atuação como hospital retaguarda no enfrentamento a COVID-19. Apenas na última semana são 1,4 mil internações e se comparado com o mesmo período do ano anterior, em que foram registradas 911 internações, esse aumento é de 57%.
De acordo com o presidente da Santa Casa, Heber Xavier, o aumento no atendimento, ligado a dificuldade na compra de insumos e o desgaste médico, leva o hospital ao limite. Na tarde de ontem (16), a ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) beirava os 100%, com apenas um leito disponível.
O Pronto Socorro do hospital se encontra superlotado, na área verde, em que são destinados pacientes de baixo risco, existem 47 pacientes e, desses, 37 ainda esperam por um leito. As equipes médicas também enfrentam dificuldades, são seis meses de enfrentamento, o presidente da instituição contou que cerca de 200 profissionais já precisaram ser afastados temporariamente, seja por doença física ou emocional.
Xavier ressalta que a falta de leito se deve ao período em que o hospital atua como retaguarda para no enfrentamento a pandemia do novo coronavírus. A unidade é a única em Mato Grosso do Sul que realiza o atendimento de algumas especialidades, como o tratamento de queimados.
“Nós assumimos o atendimento de todas as outras doenças [além da COVID]. O trauma registrou um aumento em todos os dias da semana, e, entre um dia e outro, essa demanda é 30% maior”, destacou Xavier.
Além do aumento da demanda o presidente do hospital revela que existe a dificuldade na compra de insumos. Desde o início da pandemia, alguns medicamentos passaram por um reajuste de 130%, o que impossibilita a compra do mesmo volume.
O superintendente da Gestão Médico-hospitalar, Dr. Luiz Alberto Kanamura, aponta que a instituição tenta sobreviver de empréstimos, pois o hospital não recebeu nenhum novo auxílio do governo, para arcar com o aumento no número de pacientes.
“O último repasse extra foi realizado em julho de R$ 6,7 milhões, que foi destinado para a compra de medicamentos. Mas, com o aumento da procura, esses insumos se esgotam com facilidade”, assegurou.
Kanamura relata que a Santa Casa atua hoje com uma dívida ativa de R$ 70 milhões, entre negociações e parcelamento de juros. O hospital mantém todos os funcionários em regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), enquanto espera o repasse da prefeitura e do governo do Estado, referente ao mês de setembro.
“Há três semanas faltavam medicamentos, hoje está próximo de faltar o básico para o atendimento. Nós não podemos fechar as portas para novos, porque isso seria condenar o paciente, já que nenhum outro hospital realiza o trabalho que hoje nós fazemos”, frisou Kanamura.
(Texto: Amanda Amorim)