Enquanto parte dos representantes políticos brasileiros já deixou Israel em meio ao agravamento do conflito com o Irã, três servidores do governo de Mato Grosso do Sul permanecem em segurança no país, aguardando definição para o retorno ao Brasil. O grupo integra a comitiva do Consórcio Brasil Central, que viajou a convite do governo israelense para um seminário sobre ciência e tecnologia.
Em vídeo enviado ao jornal O Estado, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) afirmou estar em contato com o Itamaraty e a FAB (Força Aérea Brasileira) para viabilizar a repatriação dos brasileiros. Ele destacou a presença de três sul-mato-grossenses na missão: Christinne Maymone, secretária-adjunta da SES (Secretaria de Estado de Saúde); Ricardo Senna, secretário executivo de Ciência e Tecnologia; e Marcos Espíndola, responsável pela área de tecnologia da mesma pasta.
“Nós estamos em tratativas com o Itamaraty e com a FAB, em função do conflito bélico que se intensificou entre Irã e Israel. Há vários brasileiros em Israel, inclusive esses três agentes políticos de Mato Grosso do Sul. Também há um grupo de 50 jovens evangélicos em estudos bíblicos, e estamos buscando formas de garantir a segurança e o retorno de todos ao Brasil”, afirmou o senador.
Segundo ele, o espaço aéreo israelense permanece fechado, o que impossibilita ações imediatas. “Existem protocolos de segurança que precisam ser respeitados para garantir que esse translado possa ser o mais eficiente e seguro possível”, disse.
Aguardando definição
O Governo de Mato Grosso do Sul informou, em nota oficial, que os servidores continuam hospedados com segurança em um hotel em Tel Aviv. As autoridades israelenses e brasileiras estão em diálogo para garantir uma rota viável de retorno. Entre as possibilidades avaliadas, estão a reabertura do espaço aéreo ou o deslocamento terrestre até a Jordânia, de onde poderiam embarcar em voo de repatriação.
“A decisão depende de vários fatores, sendo o principal a total segurança da delegação. A expectativa é que, em breve, haja uma solução para o retorno de todos”, informou o governo estadual.
Enquanto isso, os servidores mantêm contato com a embaixada brasileira, que monitora a situação. A viagem, inicialmente voltada para atividades diplomáticas e técnicas, foi profundamente impactada pela escalada do conflito na região.
Alertas e segurança
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv também emitiu comunicado alertando sobre possíveis tentativas de golpe e desinformação envolvendo voos pagos e a suposta reabertura do espaço aéreo israelense.
“A Embaixada reitera não ter recebido informação oficial sobre a retomada das operações nos aeroportos de Israel. Recomendamos que a comunidade brasileira siga as diretrizes de segurança publicadas pelo Homefront Command e evite compartilhar dados pessoais por meios não-oficiais”, informou a nota.
Nos últimos dias, os integrantes da comitiva relataram momentos de tensão em Tel Aviv, com acionamento de alertas de emergência e a necessidade de procurar abrigos em poucos minutos. Ainda assim, segundo o governo, os representantes sul-mato-grossenses seguem em local seguro.
Primeira comitiva deixou o país
A CNM (Confederação Nacional de Municípios) confirmou que parte da missão brasileira conseguiu deixar Israel na manhã desta segunda-feira (16), horário de Brasília. O grupo cruzou a fronteira com a Jordânia por via terrestre e deve retornar ao Brasil em um voo fretado.
A delegação incluía prefeitos, vice-prefeitos, secretários e parlamentares de diferentes estados. Entre eles, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Álvaro Damião Vieira da Paz, que organizou a aeronave que fará o transporte do grupo ao Brasil.
Veja quem já deixou Israel rumo à Jordânia:
Álvaro Damião Vieira da Paz – prefeito de Belo Horizonte (MG)
Cícero Lucena – prefeito de João Pessoa (PB)
Welberth Porto – prefeito de Macaé (RJ)
Johnny Maycon – prefeito de Nova Friburgo (RJ)
Claudia da Silva – vice-prefeita de Goiânia (GO)
Janete Aparecida Silva Oliveira – vice-prefeita de Divinópolis (MG)
Márcio Lobato Rodrigues – secretário de Segurança Pública de BH (MG)
Davi de Mattos Carreiro – executivo do Civitas (RJ)
Gilson Chagas – secretário de Segurança de Niterói (RJ)
Francisco Vagner Gutemberg – secretário de Planejamento de Natal (RN)
Flavio Bittencourt do Valle – vereador do Rio de Janeiro (RJ)
Francisco Nélio – tesoureiro da CNM
A missão, iniciada com foco em intercâmbio de boas práticas em ciência e segurança, foi drasticamente afetada pela escalada militar. As tratativas diplomáticas continuam, e a expectativa é de que todos os brasileiros ainda em Israel possam retornar em segurança nos próximos dias.
Brasil doa vacinas contra a poliomielite à Palestina
Brasil doou à Autoridade Palestina 100 mil doses de vacinas contra a poliomielite. A ação tem caráter humanitário e não afeta os estoques do SUS (Sistema Único de Saúde), administrados pelo Ministério da Saúde (MS).
A poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos, acarretando paralisia nos membros inferiores. A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Segundo o UNICEF, os estoques das vacinas contra a pólio na Palestina estavam esgotados.
A doação humanitária brasileira chegou ao Aeroporto Internacional de Tel Aviv, em 29 de maio último. O UNICEF apoiou o Ministério da Saúde palestino no processo de internalização das vacinas. A carga foi liberada em 4 de junho e levada até os armazéns daquele ministério na cidade de Nablus, na Cisjordânia.
A operação foi coordenada pela ABC (Agência Brasileira de Cooperação), do MRE (Ministério das Relações Exteriores), em parceria com o Ministério da Saúde (MS) e a Secretaria da Receita Federal, e contou com o apoio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv e do UNICEF.
Suelen Morales