Obra, que começou há 30 anos, depende de ação na Justiça para ser retomada; obra deve durar um ano
A grande estrutura que seria usada como o Centro de Belas-Artes, localizada na Avenida Ernesto Geisel com a Rua Plutão, em Campo Grande, entristece quem passa pelo local. A obra, que um dia foi orgulho para os moradores do bairro Cabreúva e iria ser transformada em um centro cultural, foi interrompida há anos, virou “casa” para moradores de rua, quadro para pichadores e produto de furto para ladrões.
O presidente da AMBC (Associação de Moradores do Bairro Cabreúva), Eduardo Antônio Cabral, acompanha a obra desde que começou. Ele lembra que, quando mudou para a região, em 1993, a filha dele nascia e o local era construído. A menina cresceu e as obras não terminaram. Em 2015, ele fotografou a parte interna da estrutura pronta. “Nós pensávamos enfim que ia ficar pronto, estava bonito, colocaram pedras [mármore], granito, vasos sanitários, box, banheiros adaptados para cadeirante. O que tinha de melhor eles colocaram”, lembrou.
Porém, ele lembra que aos poucos a obra foi sendo paralisada e o local ficou abandonado. A equipe de reportagem do jornal O Estado esteve no Centro de Belas-Artes na última semana e comprovou a situação crítica do local. No interior da estrutura, há muita sujeira, as paredes estão pichadas e cada espaço depredado. Nos banheiros, não há mais vasos sanitários e as pias estão quebradas.
Segundo Cabral, o local é saqueado constantemente. A última vez foi na quarta-feira (12) quando foram furtadas ferragens que ficavam no teto da estrutura. A AMBC conseguiu flagrar o vandalismo por meio de vídeos que foram entregues para a Guarda Civil Metropolitana. Os objetos foram recuperados e o ladrão, preso. “Deve ter furtado muito mais, não tem nada mais aqui”, reclamou.
Quando a equipe de reportagem esteve no local, flagrou moradores de rua que agora vivem no Centro de Belas-Artes. Cansado de ver a situação crítica do local, Cabral deseja ver a obra finalizada. “Gostaríamos de uma atenção do Poder Público para esse local, esse é um desejo enorme de todos os moradores do bairro e da cidade. Ela [a estrutura], depois de acabada, vai representar muito para cidade, tem um certo destaque pelo tamanho e beleza. É um projeto benfeito”, ressaltou.
Obra
A obra começou há 30 anos, seria uma rodoviária, mas com o tempo o projeto passou a ser o Centro de Belas-Artes. No fim, continua sendo um “elefante branco” de Campo Grande. A obra vive de constantes aberturas de licitações. A última foi no ano passado, mas, por conta de problemas na Justiça, o início das obras não foi liberado. Segundo o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, um novo certame deve ser lançado no próximo mês. “Estamos atualizando o orçamento para fazer uma nova licitação, tem uma pendência judicial cujo engenheiro está tratando disso. A gente depende da Justiça. A partir do momento em que iniciar a obra, a intenção é que seja concluída em um ano”, explicou.
A pendência à qual Fiorese se refere é a ação judicial que a antiga empresa responsável pela obra moveu, em fevereiro de 2019. Segundo ela, a prefeitura não pagou todo o valor referente à construção. De acordo com o secretário, esse processo foi o que impediu de iniciar as obras no ano passado.
Quanto ao vandalismo, o titular da pasta afirma que a Guarda Civil Metropolitana tem agido para evitar furtos. “Infelizmente, acontece vandalismo nessas obras. A Guarda tem aumentado a frequência das rondas”, informou.
(Texto: Mariana Ostemberg)