O governo brasileiro vai comunicar nesta quarta-feira (20) aos EUA que não vê necessidade de nova inspeção sobre a qualidade da carne bovina in natura no Brasil e buscará alternativas para que os americanos derrubem de vez o veto ao produto e reabram seu mercado ao país.
A emissária do Planalto é a ministra Tereza Cristina (Agricultura), que viajou a Washington nesta semana e vai se reunir com o secretário do Departamento de Agricultura americano, Sonny Perdue.
“Eu vou com uma proposta de dizer que existe uma relação de confiança entre os nossos serviços [sanitários] e que os pontos podem ser esclarecidos não necessariamente com uma missão, que é sempre mais complicada e mais morosa”, afirmou Tereza Cristina nesta segunda-feira (18) na capital americana.
“Eles pediram alguns pontos técnicos que já foram respondidos e vamos colocar à mesa para dizer que não vemos necessidade de uma nova missão. Podemos esclarecer, mandar técnicos do Ministério da Agricultura aqui, nos EUA, ou eles mandem ao Brasil, mas não uma nova missão, que só aconteceria no ano que vem.”
Em outubro, os EUA frustraram o governo Jair Bolsonaro ao manter o veto à carne bovina brasileira. Após uma inspeção técnica, os americanos produziram um relatório em que solicitavam informações adicionais ao Brasil e estabeleceram que uma nova inspeção deveria ser realizada no país, porém, ainda sem data marcada. Apesar de dizer que não vai “flexibilizar nada” quando o assunto for o comércio de carne bovina com os EUA, a ministra admite que trocas burocráticas podem ser negociadas na quarta-feira.
“Temos alguns assuntos que vão ser colocados à mesa e que podem facilitar, como esse certificado de carne dos EUA para o Brasil. É um tema muito burocrático, o Brasil mudou o certificado e os EUA têm dificuldade de se adaptar. Vamos colocar como pode ser feito, mas não vai ter troca nenhuma”, completou a ministra.
Uma das questões que mais incomodam os EUA é o fato de as carnes brasileiras terem abcessos, causados pela vacinação contra a febre aftosa. Orlando Leite Ribeiro, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, contemporizou o problema e disse que essa não é uma questão sanitária. (João Fernandes com Folhapress)