Presidente disse não ter obrigação de provar “nada para ninguém”
Expira na segunda-feira o prazo para o presidente Jair Bolsonaro apresentar ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) as provas das declarações dele de supostas fraudes nas eleições de 2018, mas o chefe do Executivo já ameaçou não dar satisfação alguma à corte eleitoral. Nesta sexta-feira (2), Bolsonaro disse não ter obrigação de provar “nada para ninguém”, por mais que já tenha afirmado, em ocasiões anteriores, que divulgaria evidências comprovando que o último processo eleitoral para a Presidência da República foi fraudulento e que ele deveria ter ganhado no primeiro turno.
Sem se importar com a determinação do TSE, Bolsonaro ainda declarou que só apresenta as provas “se quiser”. Ele também prometeu se reunir com hackers
para demonstrar falhas no sistema que o elegeu ao Palácio do Planalto. “Eu pretendo, já fizemos contato com as pessoas que entendem do assunto, são
hackers, para fazer uma demonstração pública. Lógico que a televisão não vai mostrar, eu vou fazer uma live. A tevê tem interesse em qualquer candidato, menos em mim.
Eu acabei com a teta deles, pô. Era um dinheiro público de fazer pena”, disparou. O chefe do Planalto tem sido o principal defensor da implementação de um modelo de votação em que os brasileiros possam certificar que a urna eletrônica registrou corretamente as suas escolhas, com a impressão de um comprovante logo após o eleitor finalizar o voto. A proposta está em discussão na Câmara dos Deputados e, segundo o presidente, isso é necessário porque a urna
eletrônica tem sido “aperfeiçoada para o mal”.
A cúpula do TSE, contudo, tem feito reiteradas críticas ao projeto, em especial o ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, para o qual uma mudança nesse sentido seria um retrocesso e poderia comprometer a segurança das eleições. Insatisfeito com a postura do magistrado, o chefe do Executivo induziu
que Barroso está agindo a mando de terceiros. “Eu não entendo o ministro Barroso ser um ferrenho opositor ao voto auditável. Nós queremos a transparência.
Agora, não sei o que tem na cabeça dele, ou se ele é refém de alguém para estar nessa campanha, interferindo dentro do parlamento, se reunindo com lideranças e falando seus argumentos contra o voto aditável”, protestou.
“Agora, se não passar, ele vai ter de inventar uma forma de tornar transparentes as apurações. Senão, eles vão ter problemas. Não é a minha vida. Mas se trata de algo mais importante, que é a nossa liberdade.”