A interferência do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no sentido de acabar com as crises internas e com o “fogo amigo” do seu partido põe e alerta os dois grupos da legenda em Mato Grosso do Sul, que estão em conflito aberto, com o risco de provocar dissidências e debandadas. A presidente regional, senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), tem mudado seu discurso, e passou a dizer que todos que desejam colaborar são bem-vindos, num tom mais ameno em relação a posturas anteriores, que eram consideradas mais excludentes, principalmente depois de ter deixado fora do comando estadual o deputado estadual Coronel David (PSL) e o deputado federal Luis Ovando (PSL-MS), apontando-os como integrantes da “velha política”.
O presidente da República já marcou reunião com o presidente nacional da legenda para encaminhar solução a esses e outros impasses estaduais, como em São Paulo, onde há resistências inclusive a seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que está sendo contado para assumir a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. A orientação do presidente deverá ser no sentido de contornar os impasses, evitar conflitos e principalmente o enfraquecimento da legenda no Congresso Nacional.
Em Mato Grosso do Sul, a continuar como está, o PSL pode perder parte dos seus filiados, pois a atual direção, escolhida pela direção nacional, não inclui o grupo de David-Ovando. Apoiada pelo federal Loester Trutis (PSL- -MS) e pelo estadual Capitão Contar (PSL), a senadora Soraya está conduzindo inclusive o projeto político do partido para as eleições do ano que vem, exclusivamente a partir do seu grupo. Segundo ela, o convite já foi feito ao deputado Contar que, se não aceitar, sera substituído na candidatura por “um nome de fora da política”, como revelam seus assessores. Não há espaços, por exemplo, para a candidatura de David, que já foi cogitada antes dos conflitos.
O conflito aberto dos grupos de Mato Grosso do Sul vai entrar no radar da direção nacional a partir da orientação do presidente da República, principalmente diante da informação de que, continuando o impasse, lideranças podem deixar o partido. Sem uma solução, o partido chega às eleições municipais menor do que saiu das eleições gerais de 2018 e é essa a conta que preocupa o Palácio do Planalto. Com uma quantidade expressiva de deputados federais e estaduais dispostos a deixar a legenda por conta de conflitos regionais, o presidente Bolsonaro deve orientar o partido para que busque acomodação de interesses e melhor distribuição de espaços. (Guilherme Filho)