Enquanto isso, prefeitura dá continuidade às obras de recapeamento em pleno período de chuvas na cidade
Mesmo após o temporal que causou estragos em Campo Grande, a prefeitura ainda não começou a resolver os problemas antigos da cidade e que preocupam os moradores na época de chuva. De acordo com a população, pontos críticos que alagam e uma ponte que caiu na semana passada não receberam reparos durante todo o fim de semana.
No sábado (16), a equipe do jornal O Estado esteve em trechos da Avenida Ernesto Geisel que inundam e conversou com os moradores que temem esta época de chuva. Um dos pontos está localizado próximo de um shopping do município e que, conforme a população, já alagou por duas vezes neste ano. Ontem (18), a reportagem voltou ao local e confirmou que o espaço segue com os mesmos problemas.
“Eu já nem me preocupo mais, já perdi a fé e a esperança”, lamentou um corretor de imóveis que preferiu não ser identificado e mora na Rua Canoas do Sul, ao lado da Ernesto Geisel, que sofre com as enchentes. Ele lembra quando a obra de revitalização da avenida foi lançada, em 2012, na gestão do então prefeito Nelsinho Trad (PSD), também quando foi paralisada e retomada só em agosto do ano passado. Porém, o morador ainda não viu ser concluída. “Eu duvido que será [concluída]. Isso aqui não tem jeito e não terá solução tão cedo.”
A vizinha dele, Noemia Barbosa de Jesus, 66, afirmou que só neste ano houve dois alagamentos na região, na sexta-feira (15) e no sábado, e que até agora ninguém fez nada para solucionar o problema. “Há anos estão fazendo essa obra e nunca termina. Não precisa de nem uma hora de chuva que o córrego já transborda e inunda tudo. ‘Formou’ o tempo e a gente já fica com medo”, disse.
Outro trecho da mesma avenida que alaga é no cruzamento com a Avenida Rachid Neder. O jornal O Estado também passou por lá na sexta-feira e ouviu as pessoas que vivem no entorno e temem que as enchentes comecem. Nesse ponto, segundo a população, ainda não foram registradas inundações este ano, mas a secretária Fernanda Furtado, que trabalha em uma borracharia no local, já se prepara porque sabe que pode acontecer.
Segundo ela, ainda no começo desta semana, nada foi feito para evitar a situação. “Ninguém apareceu para arrumar nada até agora. Ainda não chegou a inundar e nem o córrego encher, mas a gente sabe que acontece e fica com medo”, ressaltou.
O motorista Júlio Barbosa tem uma casa há anos nesse ponto da avenida e sabe que a situação sempre acontece. “Eu nasci aqui e essa enchente sempre teve. Ela não avança na minha casa, porque minha área é alta. Quando chove e alaga, em questão de 20 minutos já abaixo e, normalmente, em 40 minutos a prefeitura já vem limpar quando há um estrago maior”, assegurou.
Ponte
Há mais de oito dias desmoronada, as obras na ponte na Rua Veridiana, no bairro Estrela do Sul, em Campo Grande, ainda não começaram. Ontem (18), a equipe do jornal O Estado voltou ao local e confirmou que a via continua interditada, mas equipes da Sisep (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos) não estavam lá.
A rua é acesso para o motociclista José Wellington Vieira, que mora na região e nos últimos dias teve de passar pela calçada que sobrou após o desabamento. O único desvio para a população é pela Avenida Prefeito Heráclito Diniz de Figueiredo. “Se eu estou de carro eu preciso dar a volta na avenida. Mas, de moto, para evitar ter de andar muito, eu passo por aqui. À noite, trabalho como motoentregador e também passo por aqui, é perigoso, mas é o jeito. Só não passo pela calçada quando chove e fica escorregadia”, explicou.
Na sexta-feira (16), trabalhadores da Sisep informaram ao jornal O Estado que começariam os reparos nessa segunda-feira, mas Vieira afirmou que até agora não viu a prefeitura começar as obras. “Na semana passada eu vi chegar umas máquinas, depois disso, nunca mais. Eu passei de manhã aqui nesta segunda- -feira e não tinha ninguém.”
Doza Izalina Ferreira Brandão também tem uma casa na região e arrisca passar pela calçada que sobrou da ponte a pé. “Rodear [ir até a avenida] é pior, mas está perigoso aqui até para passar a pé”, disse.
A idosa também não encontrou nenhuma equipe atuando para arrumar a ponte que desabou. “Passo todo dia aqui e não vi ninguém trabalhar. Se não fizer um serviço benfeito, não vai adiantar nada”, alertou.
A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, mas ele não atendeu a ligação.
Cemitério
Após o jornal O Estado mostrar, na edição de terça- -feira (12), a situação crítica do Cemitério Cruzeiro, em Campo Grande, a prefeitura da Capital iniciou obras de reparo no local. A equipe de reportagem flagrou covas abertas e até um crânio exposto.
Segundo a responsável pelo cemitério, Simone Oliveira, ontem (18) foram iniciadas obras de revitalização na capela do espaço. Além disso, desde sexta-feira (15), foram fechadas dez covas que estavam com as tampas de concreto quebradas. “As tampas são feitas quase que diariamente. O tempo e a chuva deixam as tampas frágeis e os visitantes costumam subir nas gavetas”, disse.
Oliveira afirmou que, por conta do Dia de Finados, a manutenção será intensificada e a revitalização será realizada nos outros dois cemitérios municipais de Campo Grande. (Texto: Mariana Ostemberg)