Bailarinas do projeto Asas do Futuro arrecadam fundos para participar de evento em Amsterdã

Bailarinas do projeto Asas do Futuro
Foto: Valentin Manieri

Cidade holandesa sedia maior evento de ginástica não competitiva do mundo

Crianças do Projeto Asas do Futuro se organizam para participar do maior evento de ginástica não competitiva do mundo, em Amsterdã. Da periferia de Campo Grande, seis bailarinas ensaiam duro para o evento, e com a ajuda dos pais e organizadores da ONG, se mobilizam para arrecadar o valor necessário para a viagem, que deve totalizar cerca de R$ 50 mil.

O ballet é uma das oficinas oferecidas pelo Projeto Asas do Futuro, localizado no bairro Dom Antônio Barbosa, que atende crianças de 6 a 15 anos de idade. “O ballet do projeto foi credenciado para representar o Centro-Oeste brasileiro junto com outros dois grupos, no maior festival de GPT (Ginástica Para Todos), em Amsterdã”, explica o professor de ballet do Projeto Asas do Futuro, Marcos André de Oliveira.

O evento será realizado entre 30 de julho e 5 de agosto de 2023 e para participar, os participantes precisam fazer a inscrição em euros, e todo o pagamento precisa ser efetivado até julho de 2023. O investimento vai além da inscrição no evento, também é preciso comprar as passagens aéreas, pagar alojamento, confecção de uniformes, e toda uma logística para sair de Campo Grande com destino à Europa.

 

Bailarinas do projeto Asas do Futuro

Foto: Valentin Manieri

 

Do Dom Antônio Barbosa para o mundo

Uma das bailarinas que se preparam para Amsterdã é Gabrielly Santos Ortega, 13 anos. Em 2023 a adolescente vai completar 15 anos, e, de acordo com a mãe, Luana Aparecida Antônio dos Santos, 36, a filha já deixou claro que troca a festa de debutante pela viagem à Europa. “Entre uma festa, estamos trabalhando para ela poder ir para a Europa dançar ballet. Essa é uma experiência muito boa para ela”, conta Luana.

Gabi, como todos a chamam no projeto, foi para a Argentina com 10 anos de idade, também para uma apresentação de ballet junto ao projeto. “Argentina foi uma competição que, entre 72 equipes, eles [Asas do Futuro] ficaram em 3º lugar”, afirma a mãe, orgulhosa.

O projeto demonstra a importância da arte na comunidade Dom Antônio Barbosa, transformando sonhos em realidade. “Eu tenho 36 anos e só fui para algumas cidades daqui de Mato Grosso do Sul mesmo, sem nunca sair do Brasil, e minha filha, agora com 13, já foi para a Argentina com apenas 10, e isso é uma oportunidade única, graças ao Asas do Futuro. O projeto não tem quase nenhuma ajuda financeira e oferece esse tipo de oportunidade para as nossas crianças. Fora que ela faz o que ela gosta e diz que quando crescer quer ser bailarina”, afirma a Luana. Os ensaios estão sendo realizados duas vezes na semana, mas a rotina deve se intensificar conforme for se aproximando a data da viagem.

Toque de mestre

A oficina de ballet atende hoje cerca de 40 meninas com idades entre 6 e 15 anos. Dessas, seis têm um treinamento mais intenso e específico para a competição.

As aulas são dadas pelo professor Marcos André de Oliveira, vindo da periferia, formado em ballet e que iniciou na dança já adolescente, com 17 anos. “Em dois anos eu já comecei a dançar na companhia, conheci muitos lugares e depois de 15 anos eu parei de dançar para dar aula. Me encantei com esse novo universo que é ensinar o que aprendi para crianças e já são dez anos ensinando. Eu escolhi trabalhar com projeto social porque vejo que há uma necessidade maior da dança, levando esse universo da dança e da cultura”.

Quando começou a trabalhar com a dança, Marcos encontrou um desafio que muitos bailarinos encontram: a resistência da família. O professor conta que, mesmo trabalhando e se sustentando com a arte, a família ainda encarava a profissão dele como um “bico”, mas hoje Marcos já completa mais de 25 anos na dança. “O retorno financeiro é um pouco difícil, justamente por eu trabalhar com projeto social, mas eu acredito que ele tenha um papel muito importante para a sociedade. Ele ocupa o tempo ocioso das crianças, não deixando que a realidade, muitas vezes difícil, as influencie”.

 

Bailarinas do projeto Asas do Futuro

Foto: Valentin Manieri

Você pode ajudar

Para arrecadar fundos, o Projeto Asas do Futuro se uniu às mães das bailarinas e promove pastelada para conseguir arrecadar o dinheiro. Os pastéis são vendidos em jogos entre as crianças atletas do projeto, e todo valor arrecadado será revertido para a viagem. Além disso, as pessoas podem fazer doações para o projeto por meio do Pix 67981206044, do professor Marcos André de Oliveira.

Asas do Futuro

A Associação de Amigos do Bairro Dom Antônio Barbosa – Projeto Asas do Futuro é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 1998, e tem como objetivo atender crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, da região. Entre as oficinas oferecidas estão ballet, arte e cidadania, futebol e capoeira, todas gratuitas, no intuito de oferecer inclusão às 150 crianças atendidas. E quem se interessar em doar para o projeto pode fazê-lo por meio do Imposto de Renda. Na declaração é possível selecionar a instituição para receber o benefício. Para mais informações acesse: www. cliqueesperanca.org/projdoa.zul?seqprj=2

O projeto está localizado na Rua Anselmo Selingard, 1261, no bairro Dom Antônio Barbosa. Os telefones para contato são: (67) 99157- 8624, (67) 99276-5485 ou (67) 3385-5591.

(Texto de Beatriz Magalhães)

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