Autismo – Desafios mães atípicas x CLT

sou mãe de autista

 

Hoje, 2 de abril é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, que foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2007, data escolhida para lembrar e chamar a atenção da sociedade para o TEA (transtorno do espectro do autismo). As mães são sempre  vistas como heroínas e um poço de fortaleza, mas a realidade não é esta.

Neste ano, o tema da campanha nacional é “Mais Informação, Menos Preconceito!”, uma proposta de conscientização das pessoas, em busca de mais respeito, empatia e inclusão, e porque não falar sobre a realidade profissional, de muitas mães atípicas.

Entre elas, raro é encontrar uma mãe que trabalha  fora, com carteira registrada porque as tarefas do dia-a-dia, são inúmeras e crises ou atendimentos com os autistas são frequentes. Normalmente outras funcionárias da empresa não entendem muitas das necessidades das mães atípicas, como trabalhar homeoffice, levar a crianças por pouco tempo, no ambiente de trabalho até levar ao médico etc (caso necessite),  e a rixa acaba prejudicando aquela mãe que necessita trabalhar para manter sua casa e tratamentos do filho.

Existe uma romantização ao entorno da mãe atípica, que a faz a SUPER MÃE, guerreira, forte e capaz, mas os bastidores e o custo interno desta necessidade, feita com muito amor e necessidade também, é pouco falada e dividida.

As mães que conseguem permanecer no trabalho CLT, conseguem empresas que oferecem uma flexibilidade de horários e formatos para que a jornada de trabalho possa ser cumprida, dentro da carga horária meio período. Mas ainda são exceções.

Na maioria esmagadora das vezes, as mães se tornam as principais cuidadoras dos filhos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). De acordo com o estudo “Cuidando de quem cuida: um panorama sobre as famílias e o autismo no Brasil”, realizado pela Genial Care, 86% dos respondentes declararam que os principais cuidadores das crianças com autismo de 0 a 12 anos eram as mães.

Além disso, existe outro fator que contribui para maior sobrecarga das mulheres. Segundo dados do Instituto Baresi em 2012, cerca de 78% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiências e doenças raras, antes dos filhos completarem 5 anos de vida.

Muitas mães acabam parando de trabalhar para se dedicarem exclusivamente aos filhos e as necessidades, mas é comum a presença da depressão e tristeza profunda, saúde debilitada dentre outros pontos que são naturais para estas mulheres que se dedicam ao outro 24h e não conseguem uma rede de apoio ativa.

Joelma recebeu honraria de artesã das mães da vereadora Sayuri Baez, defensora da causa TEA

Joelma Mendes, mora em Três Lagoas, ela venceu a depressão e descobriu um espaço para se reencontrar como mulher, pessoa, quando em um curso de artesanato percebeu que era um momento só dela. Ali ela resgatou novas amizades, conseguia falar de outros assuntos além do TEA, e tinha o tempo para ela se perceber e ter o seu tempo particular e foi com o aprendizado que a reverteu em renda, porque hoje ela vende lindos tamanduás feitos de pano, a mão que ajudam nas despesas do lar.

Mãe solo, Juliana Vilas Boas, jornalista, vive o desafio de trabalhar e atender o filho nas diversas jornadas do dia. “Outras mães me perguntam como eu consigo, mas não eu não tenho escolha. Já perdi um emprego pela intolerância das exigências do local de trabalho por não aceitar homeoficce, mas tenho a benção de estar em uma empresa, que como muitas as vezes há desafios, mas que é flexível e permite que eu possa trabalhar homeoficce, ou cumprir horas extras quando preciso sair literalmente correndo para atender crises que meu filho tenha na escola, por exemplo. Meus pais são falecidos, o pai do meu menino mora em outra cidade, somos eu, o meu filho que tem autismo e também o F70 e a minha filha 11 anos,  e preciso manter nossas necessidades básicas. Tempo para mim? não existe. Por isto faço o nosso tempo ser o mais agradável possível para termos lembranças afetivas e alegrias, e para mim trabalhar é tbm uma fonte de energia para me ajudar a seguir, pois amo com o  que  eu trabalho que é contar histórias”, explica.

NECESSIDADES DESTA MATERNIDADE

Falta ações focadas no bem estar desta mulher, ou Associações que ofereçam possibilidades para auxiliar estas mães, atividades como cursos artesanais, psicólogos de graça para um bate papo saudável, afinal a rotina satura. Quem sabe um sábado por mês, com profissionais que ficassem com as crianças e no mesmo espaço as mães fizessem uma massagem, pintassem uma unha, enquanto as crianças faziam alguma atividade motora.

Na Capital a Associação Juliano Varela há dois anos vem atendendo autistas e a instituição realiza atividades para mães e alunos. Neste mês de março aconteceu uma aula de natação que envolveu mães e alunos e foi muito especial. Lá enquanto as  crianças são atendidas, tem dias que há psicólogos que promovem bate papos com as mães.

Divulgação

O autismo é um transtorno neurológico que afeta diversas áreas do comportamento e da comunicação. Algumas características são: dificuldade de interação social, de relacionar-se com outras pessoas, de se expressar, se comunicar, e também se regular emocionalmente e sensorialmente. O termo espectro é utilizado porque nem todos os autistas têm as mesmas características e, por isso, o diagnóstico pode ser classificado como nível 1, 2 ou 3.

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