Até ontem 55 estabelecimentos protocolaram o termo de compromisso na prefeitura
Depois de seis meses em casa, o retorno às aulas nas escolas privadas de Campo Grande ontem (21), foi tranquilo, escalonado, e cheio de regras, conforme o decreto municipal. A reportagem de O Estado esteve em duas instituições, e o que predominava era o sentimento de confiança dos pais nos protocolos de biossegurança, além, da ansiedade das crianças para a retomada da rotina escolar.
Em levantamento realizado pelo Sinepe-MS (Sindicato das Escolas Particulares de Mato Grosso do Sul), 89 instituições de Educação Infantil na Capital, tinham a intenção de voltar às atividades. Até ontem (21), apenas 79 protocolaram o termo de compromisso na prefeitura.
Na Funlec (Fundação Lowtons de Educação e Cultura) Raul Sans de Matos, na Vila Santa Dorotheia, os alunos começaram a chegar por volta de 7h10, recebidos com triagem, higienização e aferição de temperatura. Os pais entregaram os materiais escolares em embalagens plásticas para que, a equipe pedagógica pudesse desinfectar os objetos, e então, entregar para o professor responsável.
Na unidade, foram implementados tapetes sanitizantes logo na entrada, além de totens contendo álcool em gel. Para o diretor Sizenando Sadakane, o retorno às aulas será gradativo e tranquilo, já que as equipes pedagógicas e operacionais da instituição foram treinadas e estão preparadas para o cumprimento dos protocolos de biossegurança.
“A Funlec adquiriu todos os equipamentos necessários, como tapetes sanitizantes, álcool, máscaras, capotes e protetor facial. Nós fizemos uma pesquisa com os pais, e aqueles que demonstraram interesse, assinaram um termo de compromisso, e hoje, estão aptos a trazerem os filhos. Acredito que assim que as famílias tiverem mais confiança, vão trazer as crianças”, disse.
A professora do maternal, Aline Gonzalez, garantiu que este período será de adaptação e recomeço, e que após seis meses em casa, as expectativas para a retomada da rotina escolar são boas. A técnica de enfermagem Flávia Borges Lima, relatou que a filha pedia para voltar à escola, e que a confiança nos protocolos de biossegurança contribuiu para que ela decidisse levá-la à instituição.
“Nós temos que continuar com a vida normal e agora, com novas regras, é uma fase de adaptação mesmo. A minha filha nunca queria ter parado de ir para a escola, eu preciso trabalhar e é complicado que alguém fique com ela todos os dias. Escutando todo o projeto, considero que é seguro, e que eles estarão mais bem cuidados em relação às regras de biossegurança aqui [na escola], do que em casa”, frisou.
De acordo com a diretora de Educação Infantil da Harmonia Escola Bilíngue, Talita Martins, em conversa com os pais, em média 50% a 55% demonstraram interesse em enviar as crianças à escola. Com o anúncio de retomada, famílias que haviam cancelado as matrículas no início da pandemia, procuraram a instituição com o interesse em ocupar novamente a vaga.
Martins salientou que, antes, havia em média 22 crianças por turma, ao passo que, com a capacidade reduzida, serão atendidos apenas seis alunos por sala de aula. A unidade conta com pias para higienização das mãos nos corredores, além de, dispositivos de álcool gel espalhados pelo colégio e de forma individual em cada sala.
Para respeitar o distanciamento 1,5 metro, as crianças serão divididas em setores dentro das salas de aula, podendo utilizar apenas materiais que possam ser facilmente limpos. Conforme o decreto municipal, o uso da máscara não é obrigatório para as crianças até cinco anos de idade, mas os pais podem optar por mandar o EPI (Equipamento de Proteção Individual).
O titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), José Mauro Filho ressaltou que, a retomada das aulas presenciais foi pensada para aqueles pais que precisam trabalhar, e para que as crianças passem pelo processo de alfabetização de forma completa.
“É uma faixa etária importante para que a criança receba esse conhecimento de forma integral, porque ela vai levar isso para o resto da vida. E percebemos que, muitas crianças que ficam em casa interagem com os vizinhos, e acabam tendo o mesmo risco de contaminação”, reiterou.
(Texto: Mariana Moreira)