A arte que auxilia na reabilitação de aves de rapina também conhecida como falcoaria, é utilizada na Capital para devolver para a natureza animais totalmente recuperados e capazes de se manterem sozinhos em seus habitats. Para explicar melhor como são desenvolvidos os trabalhos, a equipe do Jornal O Estado, conversou com Maitê Cardoso Coelho da Silva, 24, Médica veterinária, clínica de animais selvagens e que hoje, realiza mestrado em reprodução e conservação de recursos genéticos. A profissional, com vasta experiência no trato com tais animais, atuou desde 2016 em mais de 10 reabilitações de animais e levou ainda, o projeto para estudantes da universidade federal do estado.
Segundo Maitê, a falcoaria possui três funções básicas, porém com um significado e com um valor simbólico bem diferente. “Na verdade estamos falando de um esporte milenar, e é utilizado como adestramento, ele é um treinamento da arte, que acaba tendo três funções, a primeira é o esporte que existe no mundo todo até mesmo com competições, já a segunda função é a de manejo de fauna, muito utilizada em aeroportos para se colher as aves que podem causa algum problema nas aeronaves, e a última que é a falcoaria de reabilitação utilizada para conservação. É nesta última que tenho mais experiência, ela é constituída basicamente em você treinar um animal que teve alguma injuria, ou algum problema para que ele volte a natureza”, destaca a veterinária.
A adestração varia em cada caso. A profissional explica que cada animal é singular, já que boa parte dos que chegam para a reabilitação possuem traumas e ferimentos variados, assim como, com graus de riscos variáveis.
“O período de tempo necessário varia de animal para animal, a gente precisa saber o histórico e a reação desse animal nos primeiros treinos, muitos dos animais que a gente recebe para reabilitação são animais que tiveram algum histórico trágico, muitos são atropelados e então depende de cada lesão.
A médica relembrou um dos casos que guarda em sua memória com muita alegria. “Tivemos o caso de uma coruja que perdeu um olho e mesmo assim em três meses ela já estava apta. Temos que ver que a musculatura e a capacidade de caça desse animal, que vai determinar muito o tempo de reabilitação porque não podemos soltar um animal que não consegue caçar. Então, varia muito e principalmente animais com problemas nas assas tendem a ter um tratamento um pouco mais demorado”, acrescenta.
Conhecendo a necessidade de proporcionar para tais animais uma saída, a recuperação por meio da falcoaria pode ser realizada em diferentes especies. “Podem participar desses treinamentos, as aves de rapina no geral, podendo ser desde corujas, falcões, gaviões, todos podem ser ajudados. Temos ainda até mesmo urubus que são utilizados na falcoaria, dependendo da ação para a qual essa ave vai ser destinada”, finaliza. (Michelly Perez)