Apresentando defeitos, sistema semafórico da Capital não reduz congestionamentos

ONDA VERDE
Nilson Figueiredo

Com trânsito prejudicado, motoristas apelidam modalidade de ‘Onda Vermelha’

Desde 2019 a Prefeitura de Campo Grande retomou a instalação de semáforos com o sistema intitulado como “Onda Verde” e, neste ano, ampliou o serviço para outras ruas de maior fluxo de veículos, contudo, na prática, motoristas de aplicativo e população sofrem com a falta de funcionamento adequado do sistema, que já chegou a ser reconhecido pela população como “Onda Vermelha”, uma vez que a implantação não reduziu os congestionamentos pelas ruas da cidade.

A equipe do jornal O Estado percorreu, na manhã de ontem (19), três das mais movimentadas avenidas da Capital e constatou a queixa dos moradores, uma vez que, apesar de o sistema ter sido implantado, o tempo entre um semáforo e o outro não contribui com o trânsito como deveria.

Exemplo disso foi o constatado na Avenida Eduardo Elias Zahran, onde o destaque ficou por conta da quantidade de carros às 7h40. Respeitando a velocidade de 50 km/h, para atravessar de ponta a ponta a rua, foram gastos mais de 10 minutos, além de terem sido encontrados oito semáforos fechados nos cruzamentos das ruas: Rui Barbosa, Senador Ponce, Primeiro de Maio, São Vicente, Bom Pastor, Estrela do Sul, Três Barras e Professor Xandinho.

Já na Mato Grosso e na Avenida Ceará, apesar do trânsito sem muito movimento, as ruas ainda apresentaram uma diferença entre os semáforos. Na primeira, foram gastos cerca de 13 minutos durante toda a extensão, sendo que a reportagem parou no cruzamento com as ruas Via Parque, Paulo Machado, Hemelita, 14 de Julho, Calógeras e Ernesto Geisel. Na segunda o sistema de fato funcionou e só congelou no cruzamento com a Mato Grosso.

“Infelizmente aqui não funciona, dizem que na Afonso Pena tem, na Antônio Maria Coelho tem, mas, nós motoristas, só conseguimos cruzar três ou quatro sinais, no máximo e logo já tem de parar”, comenta o estudante que preferiu ser reconhecido como João Carlos, 28 anos, que já teve experiência com o mesmo sistema em outras cidades do Brasil, e destacou que o que falta para Campo Grande é um estudo de logística de trânsito para um melhor fluxo.

“Eu acredito que o projeto precisa ser bem pensado e realizado para que dê certo. A Onda Verde aqui na cidade ainda é bastante ineficiente os responsáveis precisam estudar melhor para saber como deve funcionar de fato”, finaliza o jovem.

Consciente da importância que um projeto como este, desde que bem executado, pode proporcionar, Paulo Pinheiro, presidente da APPLIC-MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos de Mato Grosso do Sul), explica que a ideia na prática deixa a desejar e que os órgãos municipais deveriam adotar medidas para adequar o sistema, uma vez que ele prejudica os motoristas que atuam diariamente no transporte de passageiros pela cidade.

“Falta realmente uma maior atenção dos órgãos responsáveis pela implantação isso realmente traz transtorno principalmente nos horários de pico. Olha, dependendo do fluxo na região onde ficou vermelho entre três e cinco minutos, com isso o passageiro às vezes está atrasado, com hora marcada prejudica ao setor e principalmente a nossa população. Então tempo para os motoristas de aplicativo representa em dinheiro, ainda mais agora que temos muitos compromissos, principalmente quem aluga veículos”, lamentou.

Contabilizando inúmeras reclamações de passageiros e prejuízos com o tempo perdido pelas ruas da cidade, o motorista de aplicativo Jean Carlos Teles, que trabalha há dois anos na profissão, revelou que até mesmo evita transitar por alguns trechos como a Avenida Três Barras, principalmente a rotatória que liga as ruas, Marquês de Lavradio e Avenida José Nogueira Vieira, assim como a Avenida Ceará, em horários de pico.

“A parte ruim é que o trânsito não flui e acaba sendo cansativo, pois ao fim do dia acabamos passando mais tempo que o necessário no trânsito. No ponto de vista do passageiro a maioria reclama pois alguns têm compromissos com horário marcado e isso acaba atrapalhando chegar no horário previsto, ainda mais os que já saem encima da hora”, lamentou.

Vale lembrar que, em 2019, a prefeitura retomou o sistema em seis das principais vias com maior fluxo de veículos de Campo Grande. No ano passado, foi a vez das avenidas Eduardo Elias Zahran e Júlio de Castilho. A equipe de reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande mas, até o fechamento do texto, não obteve retorno. (Débora Ricalde)

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