A PRF (Polícia Rodoviária Federal) registrou um grande aumento na quantidade de drogas apreendidas nas estradas federais brasileiras. No primeiro semestre deste ano, em meio à pandemia do novo coronavírus, a apreensão de maconha mais do que dobrou, subindo 128%, em comparação com o mesmo período de 2019.
Enquanto a PRF ressalta a maior eficácia das ações, especialistas e outras autoridades de segurança alertam para a maior quantidade de drogas circulando no país, resultado da hiper-safra de maconha no Paraguai e também da alta demanda durante o período de confinamento por causa da Covid-19.
Foram apreendidas de janeiro a junho deste ano um total de 316,2 toneladas de maconha nas rodovias federais brasileiras. A PRF também apreendeu 14,6 toneladas de cocaína, uma alta de 56% em relação a 2019.
A corporação afirma que diminuiu as abordagens de rotina no primeiro semestre, para que seus agentes não se tornassem vetores do coronavírus. Por outro lado, o órgão diz acreditar que investimentos em tecnologia e inteligência, nos últimos dois anos, foram responsáveis pelo aumento nas apreensões.
“Antigamente, as abordagens eram mais aleatórias, até porque nós estamos ligados ao trânsito, então qualquer veículo pode ser abordado pela PRF. Foram muitas abordagens aleatórias e nós confiávamos tão somente no policial que estava na abordagem”, afirma a agente Pâmela Vieira, porta-voz da PRF.
“Nós estamos aliando a isso informações de inteligência. Temos um banco de dados que nos mostram tendências, horários, rotas, uma série de informações que nos ajudam a focar a fiscalização para que o pessoal lá na ponta consiga abordar os alvos certos”, diz.
Paiva alerta que um dos sinais de que o comércio de drogas se manteve aquecido foi a intensa disputa entre grupos rivais em torno do controle desse mercado. “Foi um período em que os mercados ilegais se mantiveram ativos, realizando o transporte de drogas, e também houve disputas em torno do controle desses mercados, que, pelo menos aqui no Ceará, foram muito intensas”, afirma.
Mato Grosso do Sul e Paraná
Enquanto a cocaína chega também ao Brasil por via aérea e fluvial, a maconha entra predominantemente por via terrestre, sendo Mato Grosso do Sul e Paraná as grandes portas de entrada. Os dois estados concentraram 75% das apreensões efetuadas pela PRF no semestre.
Esse alto índice tem relação com o aumento na produção de maconha no vizinho Paraguai em tempos recentes, que acaba sendo exportada para o Brasil.
A própria PRF acrescenta outros fatores que podem estar influenciando o aumento na entrada de drogas. Um deles seria seria a menor intensidade da política de combate às drogas no Paraguai, que exporta para o Brasil.
Além disso, a legalização da maconha no Uruguai vem aumentando a demanda pela droga a níveis que o país não consegue suprir. Portanto, o Paraguai exporta ilegalmente a droga para os uruguaios, usando o Brasil como rota.
(Texto: João Fernandes com Folhapress)