Alcoólicos Anônimos completam 50 anos transformando vidas

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Por Claudemir Candido – Jornal O Estado MS

Em comemoração aos 50 anos do A.A. (Alcoólicos Anônimos) em Mato Grosso do Sul, o Grupo São Paulo oferece na Igreja São Francisco, sede do Grupo, atendimento e orientação sobre os desafios do alcoolismo e como o vício prejudica e transforma a vida do dependente.

O Grupo busca incentivar que cada vez mais pessoas saiam da dependência da substância em Campo Grande. Mato Grosso do Sul conta com 48 unidades de apoio a Alcoólicos em 25 cidades do Estado, que possuem sala aberta em que a pessoa chega, sempre desesperada e dominada pelo álcool, buscando ajuda.

Logo de primeira, nas partilhas o Grupo leva a sugestão de evitar o primeiro gole. O Grupo São Paulo de A.A., atualmente, conta com 28 membros, a grande maioria já veterana que conseguiu se livrar da bebida alcoólica e hoje busca libertar outras pessoas que vão até o local buscar por ajuda para se livrar da doença do vício.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) o alcoolismo, ou a dependência do indivíduo pelo álcool, é considerado doença, pois o consumo constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o bom funcionamento do organismo, levando a consequências graves e irreversíveis.

Na grande maioria das vezes, a pessoa dependente, além de prejudicar sua vida, acaba afetando a família, amigos e colegas de trabalho. Em conversa com O Estado, um dos membros participantes, que optou por não ser identificado, relembrou que já participa do grupo há quatro anos e que o A.A. o ajudou a recuperar tudo o que perdeu quando ainda era dependente do álcool, que além de bens materiais viu sua família se destruindo por conta de seu vício.

“Eu cheguei ao nível de alcoolismo que eu não sabia mais que dia da semana era, qualquer dia era dia. Eu acordava sóbrio e arrependido de tudo o que tinha acontecido, mas quando já era cinco da tarde eu dava o primeiro gole e tudo se repetia de novo. Isso fez com que eu perdesse, carro, casa, emprego e o principal que era minha família. O AA me ajudou a sair de tudo isso, lá eles não te dão um diagnóstico ou uma receita de remédio para controlar o vício, o que fazem é te dar a sugestão de nunca dar o primeiro gole, daí vai de cada um a decisão”, contou o membro.

O participante ainda ressaltou que no início é muito difícil controlar o vício, mas que com pouco tempo o alcoólatra vai perdendo a compulsão, e que na sala do A.A., a partir do momento em que a pessoa deixa de se render ao álcool, ela começa a perder a vontade de consumir a bebida que faz tão mal e destrói sua vida.

“Depois da minha decisão de parar de beber, com a ajuda do AA, eu me vi recuperando tudo o que tinha perdido, conquistei novamente meus bens, minha família voltou a confiar em mim e tive minha esposa e meus filhos de volta, voltei a ter dignidade e isso não tem preço. Tudo aconteceu com a iniciativa do grupo de nos incentivar a não dar o primeiro gole e fizesse com que tudo se repetisse novamente. A melhor escolha da minha vida foi ter buscado essa mudança junto ao Grupo e hoje eu trabalho para poder tirar mais pessoas dessa dependência, assim como outra pessoa me ajudou lá atrás”, comentou o membro.

Começo – Iniciado nos Estados Unidos, em 1935, dois amigos, Bill e Bob, alcoólatras, conversaram e decidiram naquele dia não tomar o primeiro gole de álcool, assim permanecendo sóbrios, repetindo isso dia após dia, e isso fez com que os dois deixassem o vício compulsivo da bebida, assim fundando o primeiro grupo de A.A. (Alcoólicos Anônimos).

O primeiro grupo de apoio de A.A. veio surgir no Brasil 12 anos após seu registro no país norte-americano. Em Campo Grande, Aline e Júlio, buscando pela salvação de seu casamento e de sua família, fundaram o primeiro A.A. de Mato Grosso do Sul.

Após algumas reuniões na igreja, retiros religiosos e uma viagem a São Paulo onde participaram da primeira reunião do Grupo São Paulo de Alcoólicos Anônimos, em Santa Efigênia, centro da capital paulista.

Voltando a Campo Grande com todo o conhecimento e experiência, mas, antes do início do grupo, foram seis meses de preparação e viagens a São Paulo em busca de uma maior bagagem espiritual, até que, no dia 25 de agosto de 1972, iniciaram seus trabalhos no salão paroquial da Igreja da Missão Franciscana.

 

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