Filmado em apenas dois planos-sequência, longa de Sam Mendes chega aos cinemas, premiado e favorito ao Oscar
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) envolveu 17 países dos cinco continentes como Alemanha, Áustria-Hungria, Estados Unidos, França, Império Britânico, Império Turco-Otomano, Itália, Japão, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino da Romênia, Reino da Sérvia, Rússia, Austrália, China e até mesmo Brasil. Este grande conflito deixou 10 milhões de soldados mortos e outros 21 milhões ficaram feridos. Também 13 milhões de civis perderam a vida. É em meio a este cenário de caos e destruição, que “1917”, filme de Sam Mendes, estreia hoje. O elenco conta com grandes nomes como George MacKay, Dean-Charles Chapman, Mark Strong, Andrew Scott, Richard Madden, Claire Duburcq, Colin Firth e Benedict Cumberbatch.
A produção chega aos cinemas do país e já vem carregada de premiações. No Globo de Ouro conquistou as estatuetas de Melhor Filme de Drama e Melhor Direção; no Critics’ Choice, garantiu a Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Edição; no PGA (Sindicato dos Produtores) levou a Melhor Produção e no MPSE (Sindicato dos Editores de Som), Melhor Diálogo/ADR. Tudo isso fora as indicações ao Oscar 2020, onde disputa em dez categorias – uma a menos que “Coringa”, mas o mesmo número que “Era Uma Vez… em Hollywood” e “O Irlandês”. Realmente não é pouca coisa.
Na trama, os cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) são jovens soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mundial. Quando eles são encarregados de uma missão aparentemente impossível, os dois precisam atravessar território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar mais de 1.300 colegas do batalhão de Devonshire, durante a batalha de Passchendaele.
A grande sacada de “1917” é que o filme transcorre em apenas dois planos-sequência (como se fossem duas grandes cenas, com apenas uma interrupção). Outra curiosidade, segundo o diretor Sam Mendes relatou em um podcast da revista especializada “Variety”, a história do filme se baseia no relato que seu avô, Alfred Mendes, lhe fez na infância. “Havia uma história que era um fragmento do relato de meu avô, que lutou na Primeira Guerra. Era a história de um mensageiro que tinha um recado para levar. E isso era tudo que podia contar. Essa história, ou esse fragmento, permaneceu comigo e obviamente eu a ampliei e fiz mudanças enormes, mas a essência é a mesma”, relembra o diretor.
A crítica especializada é só elogios para a produção. Matt Goldberg, que escreve para o site de entretenimento Collider, deu cinco estrelas para o filme. “O visual de ‘1917’ é impressionante do início ao fim. O ritmo mantém você na ponta do assento. É um filme que funciona em todos os níveis, a guerra é um desfile de horrores. Raramente foi melhor percebido.” Outro crítico empolgado com o longa foi Peter Bradshaw, do jornal britânico “The Guardian”, que também deu nota máxima. “1917 é um filme incrivelmente audacioso; tão emocionante quanto um filme de crime, perturbador como um pesadelo de ficção científica. Ele criou um drama da Primeira Guerra Mundial e uma terrível jornada empreendida por dois meninos como um trem fantasma em uma casa de horror iluminada pelo dia.”
Richard Roeper, do jornal “Chicago Sun-Times”, coloca “1917” como favorito ao Oscar. “Com opções de direção brilhantes e inovadoras eficazes de Mendes, a cinematografia digna de Oscar da lenda viva Roger Deakins e performances fortes e cruas dos dois jovens protagonistas, ‘1917’ é uma experiência única que você não vai esquecer tão cedo.” Fionnuala Halligan, da revista especializada em cinema “Screen International”, elogiou a ousadia da direção da obra. “Mendes, trabalhando com o jovem roteirista Kyrsty Wilson-Cairns, deve ser elogiado por sua ousadia; pode haver algumas questões estruturais iniciais, mas o filme não deixa a desejar em sua audácia ou em homenagem aos 40 milhões de pessoas que perderam a vida nessa luta.”
Peter Debruge, da revista “Variety”, destacou a direção de Sam Mendes. “Por mais surpreendente que seja o cinema às vezes, é a atenção de Sam Mendes ao personagem, mais do que a técnica, que faz de ‘1917’ uma das realizações cinematográficas mais impressionantes do ano.” Sandy Schaefer, do site Screen Rant, ressaltou como o longa soube mostrar os horrores da Primeira Guerra Mundial. “O resultado é uma experiência bem-sucedida, mas também demonstra os limites desse estilo de filmagem e por que as edições visíveis são importantes para um filme que claramente quer ser mais do que um thriller polido e visceral sobre os horrores da guerra.”
O filme ainda está em cartaz nos EUA, e só estreia hoje em muitos territórios, mas já arrecadou mais de US$ 140 milhões mundialmente. Desse valor, US$ 80 milhões são só de bilheterias norte-americanas. “1917” estreia hoje nos cinemas de todo o país e a classificação é de 14 anos.
(Texto: Marcelo Rezende)