Venda de antidepressivo cresce 14% durante a pandemia

A venda de antidepressivos e estabilizantes de humor cresceu 14% durante a pandemia, segundo dados do CFF (Conselho Federal de Farmácia).

O número de unidades vendidas saltou de 56,3 milhões de janeiro a julho de 2019 para 64,1 milhões nos 7 primeiros meses de 2020.

Também aumentaram as vendas de outros medicamentos psiquiátricos, como os que atuam contra a epilepsia. O crescimento foi de 13%. As unidades vendidas pularam de 46,2 milhões em 2019 para 52,1 milhões em 2020.

O aumento pode ter relação com 2 fatores: a pandemia e as mudanças da legislação durante o período, de acordo com a assessora da Presidência do CFF Josélia Frade.

Em maio, diante da situação de emergência em saúde ocasionada pela covid-19, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou os Correios a transportar medicamentos e insumos no Brasil pelo período de 180 dias. Além disso, aumentou a quantidade de unidades que poderiam ser compradas.

“Houve vários gatilhos durante a pandemia que aumentam casos de depressão e ansiedade, como isolamento, medo. Consequentemente o consumo de medicamento acompanha esses problemas”, disse Josélia.

A profissional ressalta ainda que o controle desses medicamentos e orientação sobre o uso são essenciais. Na sua visão, eles podem trazer diversos problemas, entre eles a tentativa de suicídio.

O assunto ganha destaque maior em setembro. Esta 5ª feira (10.set.2020) é o Dia Mundial do Combate ao Suicídio.

Pesquisa feita pelo CFF sobre intoxicação exógena na base de dados de Notificações Registradas no Sinan Net-Brasil, acessíveis no site do DataSUS, mostra que os medicamentos continuam sendo o principal agente de intoxicação no país, com 23.794 casos notificados.

De todos os casos de intoxicação por medicamentos, 17.215 (ou 72,35%) foram tentativas de suicídio. Não tem sido diferente em anos anteriores. Em 2019, por exemplo, foram registrados 117.357 casos de intoxicação. Desses, 96.193 foram por medicamentos, sendo que 85.178 foram motivados por tentativas de suicídio.

“Pacientes costumam se automedicar com esses medicamentos, utilizando tratamento de algum familiar, modificando-se as doses, a frequência de administração de 1 medicamento que foi prescrito para outra pessoa. Os medicamentos só devem ser usados em uma situação clínica diagnosticada”, disse a assessora do CFF.

Veja também: Vacina da tuberculose será testada no Brasil contra covid

(Texto: Poder 360)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *