Conforme meteorologista, volume de chuvas foi de 52 milímetros com ventos de até 73 km/h
O temporal registrado na manhã dessa quinta-feira (14) provocou diversos estragos na Capital, entre eles a queda de 96 árvores sem manutenção por parte da Prefeitura de Campo Grande, destelhamento de residências, queda de fios de energia elétrica e inundações. De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, os ventos atingiram 73 km/h e foi registrada uma média de 52 milímetros de chuva na Cidade Morena; tal volume foi registrado pela última vez em dezembro de 2020.
A equipe do O Estado, acompanhou alguns dos registros, entre eles uma árvore de grande porte que caiu em cima de uma máquina, do tipo rolo compressor, e atingiu um carro que passava pela Avenida Gunter Hans. No local, testemunhas informaram à reportagem que o motorista da máquina conseguiu sair sem nenhuma lesão, já que permaneceu dentro do veículo para se proteger.
Um outro condutor que passava pelo local e parou para prestar ajuda, contou que no momento da queda da árvore estava ventando e chovendo muito, e apenas conseguiu ver quando a árvore veio em sua direção.
“Graças a Deus eu consegui ver a árvore tombar a tempo e joguei o carro pro lado, eu consegui pelo menos dar menos prejuízo. Só tive escoriações na mão e na perna, porque se ela caísse no meio ia ser muito pior”, conta o motorista de aplicativo, de 28 anos, que sofreu apenas danos materiais, que vão ser cobertos pelo seguro do automóvel, e destacou que é preciso um olhar mais atento das autoridades municipais.
Uma outra ocorrência grave, registrada ainda durante a manhã, foi na casa das vizinhas Eliza Vitória, de 22 anos, e Franciele Rodrigues, 24, no Jardim São Conrado, que foi um dos mais afetados durante a última tempestade. Na residência, um pé de jamelão caiu na casa das duas, atingindo o muro de uma das casas e cortando ao meio a telha da outra.
Eliza contou que estava amamentando seu filho, que tem apenas 40 dias de vida, quando ouviu um barulho “superalto” e logo depois a telha invadiu o corredor de sua casa.
“Nós achávamos que era o blindex, mas quando vimos era o pé de jamelão da minha vizinha. Os bombeiros vieram, iam começar a retirar a árvore mas tiveram um incêndio e precisaram ir embora”; no local, os próprios moradores se arriscaram para retirar os pedaços que ficaram nas casas.
A moradora Franciele informou que atualmente não tem condições de arcar com os danos provocados pela tempestade e pediu doações de telhas e materiais de construção. Os interessados podem entrar em contato pelo número (67) 99325-2697.
Um terceiro acidente também registrado pela reportagem foi na Rua da Divisão, no Jardim Parati. Um condutor, de 22 anos, que preferiu não se identificar, passava pelo local quando a árvore caiu em cima do seu carro. Ninguém ficou ferido, mas o jovem afirmou que é preciso ampliar os serviços de poda de árvores pela cidade. No bairro Itanhangá Park, a Rua Chaadi Scaff também foi palco de inundações, bem como na região do Terminal Hércules Maymone, na Vila Manoel da Costa Lima, e na Região do bairro Tiradentes.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar, ao todo foram registradas 96 ocorrências de quedas de árvores e ou galhos pela cidade. As equipes concentram esforços em atender os casos de galhos sobre casas e sobre fiações elétricas.
As equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos trabalham na remoção dos troncos e galhos das árvores que tombaram com a força do vendaval dos últimos dois dias. São 30 trabalhadores, 8 caminhões e 2 pás carregadeiras mobilizados para desobstruir ruas e passeios públicos. De acordo, com Rudi Fiorese, secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, caso não chova nas próximas horas, a expectativa é de terminar os trabalhos na próxima segunda-feira (18).
Segundo o biólogo Ricardo Lima de Menezes, que coordena as equipes, o trabalho de remoção das árvores é demorado já que pelo menos 40 árvores caíram. Só dá chuva do último fim de semana foram 18 árvores. Além da remoção de árvores, equipes da Sisep trabalham em avenidas como a Nasri Siufi, esquina com a Rua Manoelita Alves da Silva (Residencial Aquarius), na remoção do barro e de pedras trazidos pela enxurrada. Há frentes de serviço na desobstrução de bocas de lobo e das barragens do Córrego Segredo. A prefeitura da Capital afirmou que ainda não sabe o número daquelas que estão com risco de queda.
Estragos: interior MS
Chuvas fortes também foram registradas no interior do Estado e causaram estragos com a queda de árvores, postes de energia e destelhamento de casas. Em Dourados o temporal, durante a madrugada, derrubou uma torre de mais de 20 metros em cima de casas e acabou atingindo viaturas da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Além disso, a cobertura da delegacia também foi danificada. Até o fim da tarde, a equipe estava levantando a extensão dos danos causados.
De acordo com a Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, a chuva atingiu principalmente os municípios da região sul. Em Itaquiraí uma torre de transmissão de energia foi derrubada pelos fortes ventos vindo a cair na BR-163. A rodovia ficou interditada por umas três horas. A concessionária de energia esteve no local para restabelecer a luz na cidade. No mesmo local, aproximadamente 40 casas foram destelhadas, e várias vias foram interditadas por causa das árvores que foram derrubadas pelos ventos.
No município de Naviraí, residências também tiveram os telhados danificados e quedas de árvores impediram a circulação de veículos nas ruas. Ainda conforme a Defesa Civil, Glória de Dourados registrou queda de poste que deixou alguns bairros sem energia elétrica.
Houve registro também de queda de árvores em Dourados, Deodápolis e Coronel Sapucaia. Até o fechamento desta edição outras cidades do interior ainda estavam fazendo o levantamento dos danos.
Para esta sexta-feira (15), segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), segue a probabilidade de chuvas com tempestades acompanhadas de raios, rajadas de vento (50-90 km/h) e eventual queda de granizo em razão da passagem de perturbações atmosféricas (cavados), aliados ao avanço de uma frente fria oceânica e ao transporte de umidade nas regiões sudoeste, centro-norte, leste e sul da região pantaneira. Na região oeste, não se descartam pancadas de chuva isoladas.
(Débora Ricalde e Mariana Ostemberg)