Taynara Foglia
A produção caseira de produtos de qualidade para o mercado sofisticado é uma tendência atual e a cerveja é um exemplo disso.Em Campo Grande inúmeras marcas já estão surgindo, sendo preparadas em casa, produzidas artesanalmente, onde buscam a qualidade, mesmo atendendo um público pequeno, porém requintado.
“Quando você começa a produzir e conhecer o mundo das cervejas artesanais você acaba descobrindo o quanto esse mundo é grande, amplo e complexo, e passa a explorar novos estilos, novos sabores e acaba por produzir. Ainda é muito difícil para um cervejeiro apreciador de cervejas artesanais encontrar estilos variados e marcas no Estado e, por conta disso, acaba despertando o interesse em produzir e, ao longo do tempo, isso se torna um hobby, em que você quer estar sempre aprimorando”, conta José Pissin, presidente da AcervaMS, que é a Associação dos Cervejeiros Artesanais de Mato Grosso do Sul.
Em Campo Grande já existem diversas variedades dessas bebidas, como é o caso da marca Panda Beer, uma cervejaria cigana, que oferece diversas opções – inclusive uma das cervejas artesanais é receita própria do proprietário, Thiago Ferreira, que começou a fabricar após estudar na Espanha e ter acesso a diversos estilos e marcas de cerveja.
“Quando voltei para o Brasil em 2008 era muito difícil encontrar aqui as cervejas artesanais, então em 2013 me surgiu uma oportunidade de fazer um curso de produção de cerveja artesanal, e de lá para cá me envolvi com o movimento cervejeiro de Mato Grosso do Sul e do Brasil e produzir comercialmente foi como uma evolução do passatempo. Porém, agora eu tenho a marca Panda Beer, na qual eu terceirizo a produção para uma fábrica já instalada e estou com um projeto de abrir uma fábrica própria”, explica o empresário.
Na Capital existe a AcervaMS, que tem a função de agregar os cervejeiros artesanais e proporcionar a troca de experiências e a melhoria na qualidade dos estilos de cervejas produzidas. “Nós reunimos cervejeiros experientes e os menos experientes e promovemos workshops, palestras, cursos, o que nós chamamos de braçagens abertas entre os nossos associados para que haja troca de experiência e consequentemente isso se converta na melhoria da qualidade das cervejas, e também temos nossos encontros mensais relacionados à análise sensorial e melhoria da detecção de problemas decorrentes das produções de cervejas artesanais”, comenta o presidente da associação.
De acordo com José Pissin, “é preciso dividir em duas partes a questão das cervejas artesanais: uma é quando se trata da cerveja artesanal caseira e a outra é a cerveja artesanal comercial, que são aquelas produzidas em pequenas fábricas do nosso Estado. Essas cervejas são produzidas em fábricas legalizadas, registradas no Ministério da Agricultura e produzidas de forma e no conceito artesanal”.
Facas artesanais
A produção em longa escala de produtos caseiros vai além do que podemos imaginar e outro produto bastante comercializado e que exige muita dedicação, tempo e paciência na hora da produção são as facas e foices artesanais, que levam dias para ficarem prontas e muita criatividade dos cuteleiros, que são os profissionais que cuidam disso.
Rodrigo Pache, cuteleiro profissional há cinco anos, esclarece que entrou nesse ramo com a intenção de se distrair, mas acabou ficando caro o hobby e acabou começando a vender. “No começo eu fazia e dava de presente para a minha família e amigos, mas, com o passar do tempo, comecei a pegar amor pelo preparo e vi que poderia me dedicar totalmente a isso. Eu tinha um emprego fixo e acabei pedindo demissão para me dedicar somente às facas e foices.”
Segundo o cuteleiro, os procedimentos até o produto ficar pronto podem até levar semanas, tudo depende da exigência do comprador. “Você pode trazer um modelo, ou até mesmo foto de alguma faca que gosta, que eu preparo exatamente igual. Não é muito comum as pessoas deixarem a meu critério as escolhas dos modelos, pois muitas vezes querem homenagear alguém, mas isso só me deixa ainda mais feliz em saber que estou eternizando algo tão especial.”
“Essa área sempre foi muito ampla e só tem crescido cada dia mais. Eu trabalho desde o forjamento das peças, que é quando você pega a lâmina bruta, e termino com a faca pronta. Faço faca de aço comum, até um aço mais sofisticado, que é o aço damasco”, conta o cuteleiro.
O profissional tem uma pequena oficina no fundo da sua casa, no Jardim Aeroporto, e é dali que saem as mais diversas e incríveis facas. Quem tiver interesse em mais informações seu Instagram é cutelariapache.