MARCELO ROCHA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal abriu um inquérito para identificar os responsáveis por ameaças feitas a técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Uma onda de ameaças contra servidores da agência se intensificou nos últimos dias após técnicos autorizarem o uso da vacina da Pfizer contra COVID em crianças de 5 a 11 anos.
A apuração está a cargo da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF no Distrito Federal. Um outro inquérito foi concluído pela PF na semana passada e enviado à Justiça Federal sobre ameaças dirigidas a diretores da Anvisa.
Após a autorização para a vacinação de crianças, na quinta-feira (16), a situação se alastrou, atingindo também o corpo técnico da agência. Na mesma data, durante sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que havia solicitado “extraoficialmente” o nome dos técnicos da agência envolvidos no tema e que iria divulgá-los.
A proposta foi interpretada por técnicos como uma tentativa de intimidação. Eles já estão sob ameaça por conta do aval à imunização de crianças. Ao mesmo tempo em que ameaças intensificaram nas redes sociais, também foi lançada uma campanha com a hashtag #SomosTodosAnvisa no final de semana.
Os técnicos têm recebido ameaças desde que começaram a tratar da vacinação para crianças. A agência já havia solicitado formalmente proteção policial, que não foi atendida, e reforçou o pedido após ataques em redes sociais se intensificarem nas últimas 24 horas.
Um ofício foi enviado pela direção da Anvisa ao procurador-geral da República, Augusto Aras, neste domingo (19) para expor a situação. Em resposta, a PGR (Procuradoria-Geral da República) informou a Torres neste domingo (19) a adoção de providências no âmbito da Procuradoria “no sentido de contribuir para assegurar a proteção dos dirigentes da agência diante de ameaças feitas a diretores do órgão, possivelmente em represália a posições técnicas adotadas no campo de suas competências”.
De acordo com o ofício, comunicações anteriores da agência acerca de situações assemelhadas “foram diligentemente tratadas por membros do Ministério Público Federal no Distrito Federal e no Paraná, que contam, no tema, com o zeloso trabalho da Polícia Federal”.