Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas ( Unicamp ) assinaram na última sexta-feira (29), um acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A assinatura é referente à Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e a Medicines for Malaria Venture (MMV), para cooperação e financiamento de novos medicamentos para doença de Chagas, leishmaniose visceral e malária.
O consórcio, que reúne um time de cientistas em uma rede global de colaboração, garantirá investimentos de R$ 43,5 milhões em cinco anos; sendo R$ 7,8 milhões da Fapesp, R$ 12,8 milhões da DNDi e da MMV e R$ 22,9 milhões em infraestrutura de pesquisa e custos de pessoal provenientes da Unicamp e da USP.
Considerada uma doença negligenciada, a doença de Chagas é endêmica em 21 países da América Latina, e é a enfermidade parasitária que mais mata na região, segundo dados da DND – uma organização sem fins lucrativos de Pesquisa e Desenvolvimento. No total, 70 milhões de pessoas estão em risco em todo o mundo e cada vez mais cresce o número de pacientes em países não-endêmicos, como Estados Unidos e Austrália.
Também no grupo das doenças negligenciadas, a leishmaniose visceral é causada pelo protozoário Leishmania spp e transmitida pelas inúmeras espécies do mosquito-palha. Essa zoonose tem evolução crônica que pode ser letal, se não for tratada adequadamente. Dos casos registrados na América Latina, cerca de 90% ocorrem no Brasil.
A malária é causada por parasitas da família Plasmodiun e é transmitida pela picada de mosquito infectado. Em 2018, cerca de 200 mil casos de malária foram notificados no Brasil, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Em 2017, o número de pessoas afetadas registrou aumento de 53% em relação ao ano anterior.
O objetivo do consórcio é reunir a experiência internacional dos envolvidos para chegar, em até cinco anos, a produtos que sejam eficazes, seguros e baratos e que possam ser usados por crianças abaixo de cinco anos e gestantes. “No caso da malária estamos observando a resistência dos parasitas aos antimalariais disponíveis no mercado. Visamos um tratamento em dose única, que elimine todas as formas do parasita do organismo em cinco a sete dias. É um desafio enorme, mas que nós decidimos enfrentar junto com a Medicines for Malaria Venture”, ressaltou o professor da Unicamp.
(Texto: Izabela Cavalcanti com informações da Agência Brasil)