Mais do que em qualquer outro momento da história brasileira, o ensino à distância tem levado estudantes de todas as idades a cumprir o cronograma escolar e acadêmico na plataforma digital. Isso porque, muitos alunos da pré- escola, ensino médio ou do superior, tiveram que migrar para o sistema remoto, desde o mês de março deste ano, quando o país se viu imerso na pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
“Após esse período o ensino a distancia deve se consolidar de uma vez por todas. A nossa instituição é uma das pioneiras no ensino EAD, nós temos duas modalidades de ensino, uma parcial e outra 100% online. Para os alunos que precisavam vir até o polo, foi realizado todo um planejamento para que isso acontecesse, através e uma portaria do Ministério da Educação, que veio a nos favorecer. Estamos realizando aulas e atividades online, inclusive provas no suporte online. Sendo assim, veio até a contribuir neste momento de pandemia porque as pessoas tinham muito pré conceito”, cita Diego Franco que é diretor da Unopar, uma das faculdades pioneiras em suporte à distância ao aluno em Campo Grande, ouvido pelo Estado Online quanto ao assunto
O portal também entrou em contato com o Professor Jeferson Pistori, que é Doutor em Sistemas Digitais, especialista em educação à distância e diretor de EAD da Universidade Católica Dom Bosco, para falar como foi a transição das aulas presenciais para o online. E ele fala até das possibilidades do ensino presencial chegar ao fim, já que muitas pessoas não conseguem frequentar uma universidade pela correria do dia a dia.
TV O Estado: Houve alguma mudança do sistema (EAD) já existente?
Jeferson Pistori: Como nós seguimos há um bom tempo trabalhando nessa linha, com uma boa estrutura, não houve grandes mudanças, porque nós já estávamos praticamente preparados para que os alunos estudassem de casa, mas tivemos que fazer algumas alterações quanto aos professores que antes vinham até a universidade preparar as aulas e gravar ao vivo, agora precisam fazer tudo em home office. Todos os cursos de EAD precisam de encontros presenciais, então nós adaptamos na mesma lógica. As provas em sua maioria, foram virtualizadas e as atividades de estágio e aulas práticas ficarão suspensas, para que no futuro possam ser realizadas. Mas as mudanças não chegaram a alterar o calendário.
TV O Estado: Como foi a adaptação do ensino presencial para o remoto?
Jeferson Pistori: Existe uma diferença muito significativa do curso à distância (EAD), para a modalidade que adotamos diante do atual cenário, então nós a caracterizamos como “aulas remotas emergenciais” porque decidimos usar as estratégias do ensino ensino presencial, no contexto remoto, juntando todas as ferramentas que já estavam disponíveis para que as aulas fossem realizadas. A primeira ferramenta foi a assincronicidade, que consiste em preparar atividades para que os alunos possam entregar no dia em que eles tivessem aula. Sendo assim, consideramos que as aulas continuaram normalmente, usando as ferramentas tecnológicas. A segunda ferramenta foi utilizar as aulas ao vivo, então no dia e horário da aula, os alunos e professores se encontram por meio de vídeo e podem se comunicar como se estivessem em sala. Todos os profissionais foram preparados para que as aulas fossem virtualizadas e todos eles estão presente a todo o momento que o aluno precisar de apoio.
TV O Estado: Há pouco tempo, muitas pessoas ainda acreditavam que o ensino à distância era complexo, agora que até mesmo pais, estão vivenciando essa experiencia por conta das crianças que precisam fazer tarefas e avaliações online, e também os universitários que migraram do presencial para o virtual, possa levar o ensino presencial ao seu fim?
Jeferson Pistori: Existe sim uma tendencia internacional, a medida que essa mentalidade avançar, eu acredito que o ensino seja levado a isso. Mas até então, a UCDB, não analisou essa possibilidade. Mas este é um assunto que a academia já discute ha um bom tempo, inclusive, este é um momento de reflexão para se pensar nisso. Isso vai de pensar muito da necessidade, têm alunos que não se vêm mais em carteiras de universidades, e têm também aqueles que fazem questão da metodologia. Um exemplo disso nós podemos ver no sistema bancário, alguns clientes até hoje querem ir até a agencia falar com seu gerente. E há ainda aqueles que nem sabem onde ficam sua agencia, fazem tudo pela internet, mas é um momento de se pensar. Podemos ver pessoas falando que não haverá uma volta à normalidade, e sim uma volta a nova normalidade. Tendo em vista que as coisas não voltarão totalmente à ‘normalidade’, eu acredito que nem mesmo a educação será a mesma. Eestamos caminhando para o Ensino Híbrido: uma mescla entre presencial e EAD.
(Texto: Karine Alencar)