A captura de animais silvestres, apesar de parecer uma tarefa simples, exige cuidados especializados e envolve riscos consideráveis tanto para os animais quanto para os resgatadores. O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), por meio do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), reforça a importância de não serem realizados resgates por conta própria. Além do risco de estressar o animal, manuseá-los sem o treinamento adequado pode resultar em acidentes graves.
Cada resgate é único e os métodos de captura variam de acordo com a espécie e o estado em que o animal é encontrado, especialmente em áreas urbanas, onde o comportamento dos animais pode ser imprevisível devido ao estresse. Sendo assim, a recomendação é que a PMA (Polícia Militar Ambiental) seja acionada assim que o animal seja encontrado.
A equipe de resgate deve estar organizada e cada membro precisa conhecer bem sua função durante a operação, especialmente em áreas urbanas, onde o controle da situação é mais complexo. O uso de puçás e cambões é comum para espécies menores ou em boas condições, mas, em situações mais delicadas, como quando o animal está ferido ou agitado, pode ser necessário recorrer à sedação com zarabatanas ou rifles de dardos anestésicos.
O Imasul também destaca a importância de a população local colaborar, evitando falar alto ou fazer ruídos excessivos que possam desorientar os animais e dificultar o trabalho de captura. O silêncio e o respeito ao espaço de operação são fundamentais para garantir a segurança de todos os envolvidos.
“Quando falamos de resgates em áreas urbanas, a colaboração da população local também faz uma grande diferença. É importante que as pessoas entendam o papel que têm nesse momento e evitem comportamentos que possam atrapalhar o trabalho, como falar alto ou fazer barulhos excessivos. O silêncio e a calma ajudam a diminuir o estresse do animal, permitindo que a equipe trabalhe de forma mais eficaz e segura”, explicou a médica veterinária Jordana Torqueto.
Cuidados
Após a captura, os animais são encaminhados ao CRAS, onde passam por uma avaliação veterinária completa. O CRAS é uma unidade especializada que conta com infraestrutura para tratar, reabilitar e devolver os animais à natureza sempre que possível.
Em situações emergenciais, como em épocas de incêndios florestais, pontos de triagem temporários são montados para que os animais recebam os primeiros socorros antes de serem transportados ao centro.
Durante o período de recuperação, os animais permanecem sob vigilância constante. Aqueles que respondem bem aos tratamentos são transferidos para recintos maiores, onde passam por um processo de reabilitação focado na preparação para o retorno ao habitat natural. Quando a reintrodução não é viável, o CRAS busca alternativas, como o encaminhamento para zoológicos ou criadouros autorizados.
O trabalho do CRAS é vital para a preservação da fauna de Mato Grosso do Sul, oferecendo uma segunda chance para animais que sofreram acidentes, queimaduras ou foram vítimas do tráfico ilegal. Entre as principais causas que levam os animais ao centro estão atropelamentos, colisões com vidraças e os frequentes incêndios florestais.
Mamíferos atropelados, por exemplo, muitas vezes chegam em estado crítico, necessitando de intervenções cirúrgicas para sobreviver.
Parcerias
O Imasul atua em conjunto com o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), coordenando as ações de resgate e aplicando protocolos técnicos que garantem segurança e eficiência no manejo dos animais. Vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o Gretap é um dos principais parceiros do Imasul na preservação da fauna local.
Além do Gretap, o Imasul conta com o apoio fundamental da Polícia Militar Ambiental (PMA) e do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, que fornecem suporte nas operações de captura de animais silvestres vítimas de incêndios, tráfico e outros acidentes.
A cooperação entre essas instituições é essencial para garantir que os resgates sejam conduzidos de maneira segura e eficiente, preservando a biodiversidade e os ecossistemas da região. A preservação da fauna depende de esforços conjuntos, e o trabalho do CRAS, em parceria com outras instituições, desempenha um papel essencial na reabilitação e proteção dos animais silvestres do Estado.
Com informações da Agência de Notícias de MS.