Ela superou o câncer de mama. ”Faça da sua ferida a sua vitória, para que você possa continuar contando a sua história, a ferida, ela veio, ela abriu e eu consegui fechar, e eu fechei ela para continuar contando a minha história.”
A linda história de luta da comerciante Hercione Rocha Cardoso Christianini, 58, começou no dia 5 de setembro de 2017 e teve fim em maio de 2018, após oito meses de tratamento.
”Eu acordei de manhã para ir para o meu trabalho e quando fui tomar banho eu passei a mão e senti o nódulo na mama direita, no mesmo dia eu fui ao médico, dr. Augusto, que é do Hospital de Câncer. Eu falei com ele, e ele falou que tinha alguma coisa errada, fiz os exames e infelizmente deu que era o câncer de mama. Eu quase morri, eu achei que eu já estava morta, porque na hora em que você recebe a notícia você perde o chão”, conta.
A partir desse dia, Hercione começou o tratamento no Hospital de Câncer, mas outro médico foi quem a acompanhou durante todo seu processo de recuperação. ”Eu tive a sorte de encontrar um anjo chamado Manoel. Eu só chorava, eu estava desesperada, aí eu parei e perguntei pra ele se tinha cura, e ele disse: ”Se você tiver força, se você acreditar que você é capaz e que eu posso te ajudar, você vence”. Nessa hora eu parei de chorar e eu vi naquele médico um anjo na minha frente; dr. Manoel é um anjo que surgiu na minha vida para sempre”, comenta com gratidão no coração.
Vinte dias após fazer sua cirurgia ela começou a fazer a quimioterapia; foram 16 sessões, depois era a hora de começar a fazer as 30 sessões de radioterapia. Forte desde o começo, ela conta que durante todo o tratamento ela não sentiu dor, enjoo, ela enfrentou todo o processo da doença com muita fé e esperança, com a certeza de que ainda tinha muitas coisas boas para viver e que ali não era o fim. ”Eu sempre digo que eu sou uma paciente abençoada por Deus e por Nossa Senhora. A vida é muito preciosa e você perde ela em um minuto. Às vezes, nem isso demora para perder. Graças a Deus eu fui muito bem amparada. Mas, assim, eu encarei mesmo, eu não me deixei abater”, expõe.
Para a comerciante, a pior parte durante todo o tratamento foi em relação à parte estética: perder o cabelo era a sua maior preocupação. ”Não usei o lenço, não consegui usar de jeito nenhum, no primeiro dia que eu fiz a minha quimioterapia eu sai e já fui no salão e mandei rapar, eu não esperei cair cabelo, eu não esperei nada daquilo, eu encarei mesmo”, revela.
Hercione acredita que durante sua história, por algum motivo, ela precisou passar por essa doença. Sempre com um sorriso no rosto, ela aprendeu a dar valor nas pequenas coisas da vida. ”Eu parei e pensei que tudo isso serviu de lição na minha vida, para que eu pudesse aprender a dar valor nas coisas pequenas, porque, às vezes, eu olhava e achava que não tinha importância, achava que podia esperar, porque eu queria trabalhar, queria ajudar as pessoas e Deus falou pra mim: calma, você tem outro jeito de ajudar sem fazer o que você estava fazendo, porque eu não tinha tempo de visitar minha família, não tinha tempo de ir na igreja, sabe aquela loucura de só querer trabalhar? Era o meu caso, hoje não, hoje eu tenho tempo para tudo”, crê.
Apesar de altamente letal, a doença já não é mais uma sentença de morte. ”Faça da sua ferida a sua história, porque, se eu tivesse deixado me abater, tivesse chorado, se eu tivesse me entregado, com certeza eu não estaria aqui. Câncer não é sentença de morte, câncer é vida, é luta, é você mostrar que tem capacidade, que tem força, que o ser humano é abençoado por Deus.”
Diagnostico precoce: No geral, o risco para o câncer de mama aumenta muito após os 50 anos de idade, sendo que 80% dos casos são diagnosticados nessa faixa. No entanto, mulheres de 40 anos também podem ser acometidas com a doença. No caso da enfermeira Karen Marcela Leone, 38, a doença apareceu em 2014, quando ela era estudante do Curso de Enfermagem e tinha apenas 33 anos. ”Eu descobri o nódulo na mama direita no fim de 2014, só que eu fazia Faculdade de Enfermagem, eu estava no terceiro ano, e por esse motivo nós achamos que estamos ficando doidas, porque começamos a achar que temos todas as doenças, aguardei mais um pouco e quando foi mais para o fim do ano eu percebi que o nódulo estava maior e comecei a procurar médico; só fui conseguir no começo de janeiro de 2015. Fiz toda aquela série de exames e quando chegou o resultado, que foi no finalzinho de janeiro, o médico constatou que eu tinha um câncer do tipo maligno e que a evolução dele era rápida, porque ele já tinha evoluído, então precisava agir de maneira rápida também”, relembra a enfermeira.
Na época, a jovem sentiu medo, não queria abandonar a rotina que tinha. Passou pelo processo cirúrgico e precisou fazer a retirada da mama. ”Eu fiquei com um pouco de medo, não queria deixar a faculdade. Tivemos de fazer a cirurgia mais radical que tem, que foi onde eu tirei a mama toda, fiz todo o processo cirúrgico, fiquei alguns dias de dreno em casa e quando eu tirei o dreno eu pedi permissão para o médico e voltei para a universidade”, conta.
Em abril de 2015, ela começou as sessões de quimioterapia e, após isso, iniciou as 30 sessões de radioterapia; ela lembra que já na primeira sessão da ”quimio” ela ficou careca. ”Fim de abril eu comecei a quimioterapia, fiz seis sessões de quimioterapia, eu fazia uma a cada 21 dias, porque ela era muito potente. No começo foi um pouco difícil, eu tinha um cabelo enorme, minha mãe é cabeleireira, aí eu fui cortando. Quando eu fiz a primeira sessão da quimioterapia eu já estava de cabelo curto, para não sentir tanto. Eu usava lenço o tempo todo, eu até ganhei uma peruca, mas eu não me adaptei, mas nunca ninguém me viu careca, a não ser as pessoas de dentro da minha casa, minha família”,comenta.
Durante todo o processo de tratamento Karen conta que o apoio dos amigos e da família, principalmente de sua mãe, foi essencial para que ela não desistisse de lutar. ”Minha mãe foi quem me deu todo o apoio, minha família, eu tenho duas filhas, na época uma já era adolescente e a outra era bem pequena, tinha 2 anos. Eu tive bastante apoio das minhas professoras, de todo o pessoal da universidade, todos foram muito bacanas”, relata.
Fé e força de vontade foram as palavras que deram estímulo para que Karen continuasse a vida e realizasse os seus sonhos. Há quatro anos curada, hoje ela tem muito a agradecer. ”Acreditar que é possível, porque quando acreditamos que é possível nós conseguimos, se não tivermos fé a gente não consegue. Tudo tem um propósito, isso me deu um novo olhar para as minhas pacientes, eu consigo entender o que a mulher me relata porque eu passei por isso, é diferente, e eu me apaixonei mais pela área da saúde da mulher. Quando eu peso na balança eu consigo enxergar mais coisas positivas do que negativas”, finaliza.
Mamografias gratuitas: Para celebrar o Outubro Rosa e incentivar a prevenção contra o câncer de mama, o Centro Avançado de Diagnóstico por Imagem Documenta disponibiliza 100 vagas para mamografia digital gratuitas. O benefício é oferecido em parceria com a Fujifilm e voltado, exclusivamente, para mulheres acima dos 40 anos que não possuam plano de saúde.
Reconhecido como o exame mais importante para identificar o câncer de mama antes do surgimento dos sintomas, a mamografia consegue captar a existência de pequenas lesões que sinalizam alguma suspeita da doença. (Bruna Marques)