Conforme a população, ano eleitoral acende o receio em ver o sonho da casa própria ainda mais longe
Acostumados a reconstruírem os seus barracos a cada chuva forte ou após incêndios, como o ocorrido no dia 16 de novembro de 2023. Os moradores da favela do Mandela em Campo Grande estão mais uma vez desacreditados sobre a promessa recebida da tão sonhada casa própria. Com o ano eleitoral em andamento e acostumados em receber promessas sem solução, eles se dizem pouco confiantes com o recebimento de uma nova moradia por parte da atual gestão municipal.
No ano passado, um incêndio de grandes proporções atingiu a região do Mandela e destruiu os barracos onde conviviam os moradores. O cenário de destruição chamou a atenção dos campo-grandenses e ganhou repercussão até mesmo, nas redes sociais. Mutirão para arrecadar alimentos, roupas e móveis ganhou o apoio de muitos em poucas horas, contudo, quase três meses depois, 126 famílias continuam morando na região do Mandela, 55 estão morando de favor com parentes e amigos e somente 6 foram incluídas no programa de aluguel social.
Vontade de deixar a região do Mandela é o que todos os moradores possuem, foi o que contou Jorge Cristiano de Souza Araujo, “Vamos ver se vão cumprir o que prometeram. Eles sempre prometem, estamos cansados, estou aqui há oito anos. Não dá nem pra contar quantas promessas já escutamos nestes anos, primeiro a gente ia para o Talismã, agora para o Nova Lima, mas será que a gente vai? Ou vamos ter que esperar outra promessa? Só os escolhidos deles que vão”, destaca.
Um dos moradores mais antigos também se diz desacreditado. Antônio Alberto Alves, 42 anos, mora com as filhas e a esposa, cita que ainda tem medo de que a região seja afetada por um novo incêndio a qualquer momento, uma vez que, a parte de instalação elétrica continua com fios soltos e feita de forma improvisada.
“Quando precisam de votos em ano eleitoral eles aparecem na nossa porta, mas até agora nada. Se não for as nossas lideranças correrem atrás de melhores condições para nós, não teríamos nada. Estou aqui há mais de 8 anos, comecei morando na lona, com um colchão. Aqui já teve roubo, a quinta vez que os barracos foram queimados e só queremos que a casa seja construída”, lamenta.
Última promessa
A prefeitura de Campo Grande autorizou no dia 3 de janeiro de 2023, o início das obras dos residenciais Mandela I, II e III. Na ocasião, foi assinado o Termo de Colaboração para a construção de 220 novas unidades habitacionais destinadas ao reassentamento de famílias que vivem, desde 2016, em condições de insalubridade às margens do córrego Segredo.
Contudo, só foi após o incêndio de grandes proporções que atingiu os barracos no dia 16 de novembro, que a prefeitura então, ofereceu alternativas para os moradores. Conforme informações divulgadas pelo próprio município, a Prefeitura iniciou um estudo, visando identificar áreas públicas judicialmente prontas e desafetadas para o reassentamento das famílias, considerando localidades com acesso à estrutura pública ficou estabelecido que: 38 famílias seriam reassentadas no Bairro José Tavares; 33 no Iguatemi I; 30 no Iguatemi II; e 32 famílias no Jardim Talismã.
O início da construção das moradias se deu nos bairros José Tavares e Jardim Talismã e só aconteceu no dia 11 de dezembro do ano passado, com prazo de 12 meses. O investimento, na ordem de R$ 15 milhões, será custeado com recursos da Prefeitura, enquanto cada família beneficiada contribuirá com parcelas mensais de R$ 185,00, em 360 meses.
A equipe do jornal O Estado, esteve na tarde de ontem (6), na Rua Jacinto Máximo Gomes, no Bairro Jardim Talismã. No local foi possível identificar telhas, tijolos estruturas e baldrames. Servidores municipais estão construindo as unidades habitacionais, até o momento já é possível observar sete casas no início da construção. No José Tavares nove casas já estão com as paredes erguidas e três começando a serem levantadas. (colaborou Thays Schneider).
Por Michelly Perez e Inez Nazira
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