A Quarta-Feira de Cinzas, celebrada ontem (17), iniciou o período de quaresma para os católicos, com 40 dias de preparação para a Páscoa. Em razão da pandemia de COVID-19, as celebrações foram adaptadas para aliar a fé com as medidas de biossegurança. Ao longo de toda a quarta-feira, 10 mil fiéis eram esperados para as novenas no Santuário Estadual da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, público 71% menor do que o de costume para a data, que geralmente passa a 35 mil católicos.
O Santuário acolheu com 40% da capacidade em cada novena. O padre Reginaldo Padilha salientou que quando a igreja atinge sua capacidade máxima, as pessoas são levadas para o Centro de Apoio ao Devoto, que conta com a transmissão das celebrações.
A quaresma é uma oportunidade de mudanças em três dimensões a serem percebidas e exercitadas: caridade, oração e jejum. Conforme o pároco Padilha, é o momento do fiel se questionar se está exercitando o contato com Deus durante a oração.
“O jejum, o papa Francisco vem sempre orientando essa questão que não é somente deixar de comer, mas, deixar de fazer algo que sempre vai te melhorar. Por exemplo, não falar mal do outro, ser mais tolerante no trânsito. Nós podemos programar a nossa vida para sermos pessoas melhores”, explicou Reginaldo.
Para a aposentada Erotildes dos Santos, 81 anos, mesmo com a pandemia, a fé prevaleceu, o que a motivou a celebrar o início da quaresma no Santuário. Ela salientou que até tomar a vacina contra a COVID-19 no sábado (13), só se deslocava de casa para a igreja.
“Há mais de 30 anos eu frequento a igreja e nunca deixei de vir. Já passei momentos muito difíceis na vida e superei todos aqui graças a força e a fé que tenho em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, relatou Erotildes.
A autônoma Flávia Marsura, 44 anos, acompanhou a novena na manhã de ontem para buscar uma graça. “Temos que tomar todos os cuidados com a pandemia, mas, vim à novena por conta de um problema que estou passando, e acredito que está tudo certo com os protocolos de biossegurança”, disse.
Mudanças na celebração
A pandemia impôs uma dinâmica diferente durante as celebrações de Cinzas. De acordo com o padre Reginaldo Padilha, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) orientou que o tradicional traçado com as cinzas no rosto do fiel fosse evitado pelo contato físico. A distribuição das cinzas foi feita após a bênção com o Ícone, em silêncio.
Campanha da Fraternidade
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou oficialmente ontem (17) a Campanha da Fraternidade de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. O texto trouxe críticas à negação da ciência, atuação do governo federal no combate ao coronavírus e à cultura da violência contra mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTIQ+.
O arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas de Lara Barbosa, pediu mais diálogo e tolerância durante a campanha e salientou que os católicos devem estreitar laços com a comunidade evangélica. O padre salientou que o objetivo nesta Campanha da Fraternidade é resgatar a última encíclica do papa Francisco, “Fratelli tutti”.
“Significa todos irmãos. Ela tem tudo a ver com o lema da campanha deste ano e cada paróquia, juntamente com o conselho de presbíteros, vão decidir os passos concretos que nós vamos estabelecer ao longo desta Quaresma para que ela seja realmente um tempo de conversão”, conclamou dom Dimas.
(Texto: Mariana Moreira)