Março é o mês da conscientização da importância de se prevenir contra o câncer de colo de útero, a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). O período ganha a cor lilás, para lembrar da atenção de se fazer o exame papanicolau, responsável pelo diagnóstico da doença.
O câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, é causado pela infecção persistente do vírus HPV, o papilomavírus humano. Quando a infecção por esse vírus provoca alterações celulares, as chances do desenvolvimento do câncer de colo de útero são maiores, é o que explica o médico oncologista Gustavo Medeiros, diretor-geral do Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão.
“Esse câncer é um tumor que dá no colo do útero, algumas mulheres são colonizadas pelo HPV, principalmente a cepa 16 e 18, que são as que têm maior poder de fazer a oncógenes, então essa paciente vai ter na grande maioria das vezes o HPV, um HPV que é patogênico, dessa forma ele faz uma lesão no colo do útero e essa lesão, se não tratada, ela pode desenvolver um câncer de colo de útero”, esclarece o especialista.
Também faz parte da campanha do Março Lilás informar as mulheres sobre os sintomas desse câncer. Contudo, nem sempre é fácil identificar a doença dessa forma. Em alguns casos o desenvolvimento da doença é lento e não manifesta nenhum sinal durante a fase inicial. Por esse e outros motivos é tão importante manter os exames de rotina em dia.
“Os sintomas de alerta são sangramento, dor no momento da relação e principalmente uma sensação de desconforto na região pélvica. Esses são os sintomas a que as mulheres devem ficar atentas. Geralmente esses sintomas são mais comuns quando a paciente tem um tumor mais avançado. Os tumores iniciais não apresentam sintomas e são descobertos com os exames de prevenção”, elucida.
A principal forma de prevenir contra o câncer de colo de útero é por meio do exame preventivo papanicolau, que permite a coleta de células do colo do útero que mostram se há alguma infecção ou variação na região. A avaliação deve ser feita por todas as mulheres a partir dos 25 anos, que possuem vida sexual ativa, em intervalos de dois anos. Quando a mulher possui fatores de risco para a doença, pode ser solicitada uma frequência menor entre um exame e outro, informa o oncologista.
“O preventivo, o papanicolau, a consulta com o médico ginecologista, colposcopia, que é o exame cujo médico especialista vai ver o colo do útero, ele vai usar uma substância para corar o colo do útero para ver se aquela região é ou não suspeita, são métodos de prevenção contra a doença. A partir de 25 anos as mulheres já podem fazer o exame papanicolau, as pacientes devem fazer anualmente, e após dois resultados negativos os exames passam a ser feitos a cada dois anos”, relata.
Vacina contra o HPV
Além dos exames, a mulher também pode se prevenir recebendo a vacina contra o vírus HPV. “A vacinação de colo de útero é uma vacina que ocorre na infância, a partir dos 7 anos, e ela é uma vacina feita nas mulheres e nos homens contra o HPV. A tendência com a vacina é de que tenhamos um combate maior do HPV e uma diminuição da incidência de câncer de colo de útero”, revela.
Apesar de ser uma doença grave, quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura do câncer de colo de útero são grandes. ”Esse câncer, quando é diagnosticado nas fases iniciais, ele tem uma chance de cura alta, chega até 90% de cura. Nos estágios mais avançados nós vamos fazer o tratamento mas a chance de cura vai diminuindo”, afirma o médico.
De acordo com o médico, o exame papanicolau é feito de forma rápida e simples, o procedimento não dói, mas pode causar desconforto. ”A grande maioria dos exames de papanicolau é indolor, mas causa um desconforto para a mulher, porque é um exame que vai ser em uma região íntima da mulher, agora, se a paciente já tiver alguma lesão de útero, ela pode sentir uma dor no exame, mas é por conta do processo inflamatório que já existe”, tranquiliza.
Durante o mês de março, o Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão promove campanhas para conscientizar a população feminina sobre os riscos do desenvolvimento da doença. ”Nós vamos iniciar uma campanha em que vamos oferecer atendimentos às mulheres, exames de prevenção, entre eles preventivos, exame papanicolau e mamografias, tudo gratuito”, garante.
Vale lembrar que o uso de preservativos também deve ser uma medida preventiva contra esse tipo de vírus, prevenindo também contra outras doenças sexualmente transmissíveis. Prevenir nunca é demais!
(Da redação)