Autoridades do trânsito e especialistas em saúde e educação se reuniram na noite de ontem no auditório do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) para a realização da Live Lei Seca em debate: Avanços e Desafios, que, durante cinquenta minutos trouxe à tona os vários aspectos da legislação que completou 12 anos no último mês no Brasil. A transmissão teve um alcance de aproximadamente 19 mil pessoas, mais de 100 compartilhamentos e quase mil comentários.
A ponderação destacada é do médico psiquiatra e representante do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre drogas, Marcos Estevão de Moura, que considerou o uso do álcool como responsável pela distorção dos espaços, das distâncias entre um carro e outro, dificultando a ideia correta da velocidade. “Mas as pessoas não estão preocupadas com isso, estão correndo mais e mais, perdem a crítica do que é certo e errado e continuam correndo, correndo. Com isso o risco de acidentes e mortes no trânsito é muito grande; 70% dos acidentes tem o condutor ou pedestre sob o efeito de álcool e não podemos minimizar essa situação”, afirmou.
Na ocasião, o chefe do setor de Fiscalização do Detran-MS, Otílio Rubem Ajala Júnior, falou sobre a evolução da Lei Seca, desde 2008 e os aspectos administrativos dessa legislação, que inclui a recusa a submeter-se ao teste de bafômetro, a necessidade de um condutor habilitado no local da blitz para a liberação do veículo apreendido com motorista embriagado e a penalização do condutor.
Para a pedagoga e gestora em Educação para o Trânsito do Detran-MS, Andrea Moringo, a sociedade precisa se mostrar engajada nessa luta contra o uso do álcool por parte dos motoristas. “Precisamos de uma mudança de comportamento e sabemos que não acontece do dia para a noite”, disse.
Ela lembra o negacionismo como principal causador de acidentes no trânsito e compara a pandemia do Covid-19 com a pandemia de mortos no trânsito. “Tivemos mais de 50 mil mortos pela Covid este ano e no ano passado, 40 mil morreram em acidentes. Podemos considerar que no caso da Covid, ainda não temos vacina, mas no trânsito a vacina é a educação e a fiscalização, porque as leis existem, mas é necessário que haja a mudança de comportamento”, enfatizou.
“Ninguém sai de casa achando que não vai voltar. Existe um instinto de achar que não vai ser pego em blitz ou que não vai acontecer nada. Mas álcool e direção não combinam e nunca vão combinar”, concluiu a gestora.
Durante a live o major do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, Willian Silva do Nascimento, lembrou os aspectos criminais de acidentes de trânsito que qualificam o autor embriagado como responsável por feridos graves e mortos, estando sujeito a julgamento por lesão corporal grave ou homicídio, neste último caso, com pena que pode chegar a oito anos de reclusão.
“O condutor conhece todas as regras de trânsito e são esses condutores, que passaram por auto-escolas, que insistem na conduta, fazendo com que a norma fique cada vez mais agravada. Vidas tem sido perdidas no transito de todo o Estado”, alertou.
Para a diretora de Educação para o Trânsito do Detran-MS, Elijane Coelho, que moderou o debate, esse formato de discussões com transmissão ao vivo pela internet, deve ser adotado a partir de agora pelo Departamento para outros assuntos, levando em consideração a importância de fomentarmos cada vez mais as discussões sobre temas que envolvem o trânsito e dado o momento de pandemia pelo qual estamos passando.
Para o diretor-presidente do órgão, Rudel Trindade, esse é o momento ideal para conversamos sobre esse assunto. “Doze anos de lei seca. Temos tocado nesse assunto com frequência. O Detran trabalha há muitos anos nesse setor que impacta muito no transito, com números absurdos e inaceitáveis. É um assunto de extrema importância e esperamos que todos entendam e colaborem: quando for dirigir, não beba!”, finalizou.
(Texto:Ana Beatriz Rodrigues com informações do Portal MS)