Indígenas de MS esperam que troca de lideranças resolva problemas antigos

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Foto: Valentim Manieri

Após a MP (medida provisória) que extingue a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), o atual governo vai trocar de mãos a chefia da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) do Estado. Lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul denunciam que estavam desassistidas há anos e esperam que as mudanças anunciadas pelo governo federal tragam esperança com a nomeação de novos chefes de etnia indígena para pôr fim a antigos problemas dos povos originários. 

Conforme o Diário Oficial da União de segunda-feira (23), 54 servidores que atuavam em órgãos de assistência aos povos indígenas do Brasil foram exonerados. Entre eles 11 coordenadores dos DSEIS (Distritos Sanitários Especiais Indígenas). 

Entre os nomes está o coordenador do distrito sanitário de Mato Grosso do Sul, Luiz Antônio de Oliveira Júnior, que foi dispensado. O ex-coordenador vê na sua exoneração o cumprimento de uma das promessas eleitorais de Lula, que era a criação do Ministério dos Povos Originários e a indicação de chefias indigenistas para a coordenação dos Distritos Sanitários Especiais. 

Cabe destacar que o DSEI de MS é ligado à Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), e tem a missão de coordenar as ações sanitárias para ao menos 80,8 mil indígenas. 

A O Estado, o indígena terena Nerio Kadoshi afirmou que os povos originários do Estado estavam desassistidos há anos. “Agora espero que o governo ouça nossa reivindicação e indicação de indígenas preparados e conhecedores da nossa causa. Somos o segundo maior Estado do país com indígenas e esperamos um retorno, principalmente fazer o que nosso povo necessita e não somente na base, como também no contexto urbano. Estamos acompanhando com o coração entristecido a realidade de Roraima com nossos irmãos yanomami”, apontou. 

Para a liderança indígena da aldeia urbana de Campo Grande, José Carlos, os cargos na Funai, Funasa e no DSEI devem ser ocupados por povos indígenas e com isso a comunidade indígena de Mato Grosso do Sul espera por pessoas íntegras e que mudem a realidade. “Acredito que o presidente Lula está dando uma oportunidade para os indígenas que assumirão esses cargos. Nós, como indígenas, esperamos que os nossos representantes aproveitem essa oportunidade para mostrar à sociedade brasileira a importância que um indigenista tem como administrador. Só conhece o indígena quem convive com o indígena. O branco ainda que conheça é só por ouvir falar. É diferente o olhar de um branco para o indígena, ele vai pensar de uma forma e o indígena de outra”, opinou. 

Com a maior população indígena de Mato Grosso do Sul, Dourados conta com mais de 18 mil indígenas. De acordo com o coordenador de Assuntos Indígenas de Dourados, Leomar Mariano, o “Trovão”, o atendimento da Funai estava muito “distante” daquilo que gostariam. “Sempre que troca de chefia, ela vai para mais longe da aldeia. A Funai era a casa do índio, e hoje não é mais, tem guarda armado na porta, que inclusive está sempre fechada para nós. Isso nos machuca demais. A Sesai, está mais presente nas aldeias, mais ainda precisa melhorar muito. O atendimento é limitado, por falta de gasolina, profissionais e insumos diversos. Nossa esperança é de que as pessoas que assumirão estes cargos tenham um olhar verdadeiro para nossas demandas e deficiências e que busque melhorias reais para nossas comunidades, e que deixe as políticas em segundo plano”, observou. 

Ainda, em edição especial do DOU, foi publicada a dispensa de 43 chefes regionais e nacionais da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), sendo 22 coordenadores regionais, 15 coordenadores setoriais e 6 diretores, assessores e secretários ligados diretamente à presidência. 

Entre os coordenadores estão Tatiana Marques Garcia, da Coordenação Regional de Campo Grande, Valdir Roloff, de Dourados, e José Patta Moreira, de Ponta Porã. Já os nomes dos novos nomeados para os cargos em aberto devem ser definidos a partir de hoje (25), pelo ministro da Articulação Institucional, Alexandre Padilha. 

Por Suelen Morales  – Jornal O Estado do MS.

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