Campo Grande 122 anos: Inclusão e acessibilidade formam a Capital dos sonhos

Mirella Ballatore Tosta
Foto: Valentin Manieri

Cidade 100% adaptada é desejo das pessoas com deficiência

Quando Mirella Ballatore Tosta nasceu, nos anos de 1960, sua deficiência parecia ser uma sentença de que uma pessoa com necessidades especiais de locomoção e mobilidade não tem chances. Hoje, passados os anos, a professora e pedagoga aposentada mostra que a Capital que queremos para o futuro passa pela atenção especial aos cadeirantes e deficientes físicos.

“Quando eu era criança, você falar de acessibilidade em Campo Grande parecia assunto de outro mundo”, recordou. Presidente da Associação de Mulheres com Deficiência de Campo Grande, Mirella tem uma doença popularmente conhecida como “ossos de vidro”, que a impede de andar. Desde o início ela aprendeu a superar as dificuldades da vida. “As dificuldades estão em tudo, nas calçadas, nas ruas, no transporte e, principalmente, na falta de respeito”, disse

Neste aniversário da Capital, Mirella sonha com um futuro em que haja mais respeito e compreensão com as pessoas cuja movimentação seja limitada. “Meu maior sonho é ver as vagas para deficientes respeitadas. As pessoas entendendo nossa condição e cientes de que podemos fazer tudo o que quisermos”, disse.

E, novamente, foi Mirella quem colocou a Capital na rota da acessibilidade. É dela a primeira carteira de motorista especial do Estado para dirigir o primeiro carro adaptado que aqui chegou – “um fusca que eu amava muito”. “O presidente do Detran na época foi pessoalmente ver minha prova”, disse.

Na primeira equipe de esportes paralímpicos do Estado, Mirella estava lá, competindo. Foi também a primeira usuária de cadeira de rodas a trabalhar em uma escola da cidade. Estudos, aliás, que começaram apenas aos 15 anos, por total falta de vaga disponível.

“Era uma coisa que doía muito mesmo, machucava a gente. Mas chega um momento em que você pensa: ‘se eu não fizer, outros não verão que é possível fazer’. E assim enfrenta as barreiras e as supera”, disse. E, se a vitória absoluta, que nem mesmo ela sabe dizer qual é, chegou, pelo menos há de se comemorar os avanços conquistados.

“Antes as pessoas escondiam os filhos deficientes. Era considerado algo humilhante até. Acredito que, a partir do momento em que aparecemos na sociedade, as pessoas foram vendo. E isso em Campo Grande se tornou algo ainda mais habitual. A cidade tem uma preocupação sincera com nossa situação. E nosso objetivo é fazer da nossa cidade a primeira totalmente adaptada do Brasil. É possível. E juntos podemos fazer”, disse.

 

“Acredito que, a partir do momento em que aparecemos na sociedade, as pessoas foram vendo. E isso em Campo Grande se tornou algo ainda mais habitual”.

 

(Texto de Rafael Ribeiro) 

 

Confira o caderno de Aniversário de Campo Grande. 

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