Documento foi protocolado na OAB-MS por criadora da primeira Secretaria de Igualdade Racial do Estado
Volta à tona, a possibilidade de ser real, a criação da primeira Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) em Mato Grosso do Sul. Uma luta encampada por pessoas como a jornalista Marinalva Pereira, que protocolou nesta sexta-feira (19), na sede da OAB-MS (Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, no Estado), um requerimento solicitando apoio à essa iniciativa.
Há quatro anos o mesmo pedido havia sido solicitado, porém foi visto que o Estado não tinha tantos registros de racismo, conforme contou à reportagem. “Agora é hora de Mato Grosso do Sul ter sua própria delegacia especializada. Ninguém aguenta mais, está todo mundo na rua gritando”, alertou a idealizadora, após ganhar recentemente uma causa contra injúria racial.
O governador Reinaldo Azambuja sancionou em setembro do ano passado, a lei que estabelece punições administrativas a serem aplicadas pela prática de atos de discriminação racial.
“Infelizmente o brasileiro só aprende quando a lei obriga. A lei é fundamental para as pessoas que não tem medo. A lei do racismo existe, mas só vai funcionar se tivermos uma equipe para ajudar”, enfatizou.
No documento enviado ela diz que todos são iguais, “sem distinção de cor, raça ou religião e, para isso, é imprescindível um órgão de controle e auxílio no caso de crimes como os explanados”.
Dados mostram diferença entre população negra
Segundo dados divulgados pelo IBGE, a taxa de analfabetismo em 2016 dos brancos era de 4,2% contra 9,9% dos negros. O índice de crianças negras entre 5 e 7 anos trabalhando nesse mesmo período foi de 63,8% e o de pessoas brancas, de 35,8%.
Por motivos como esse, no qual, mostram pessoas negras com alto índice de desigualdade, que Marinalva teve a ideia de instituir a Decradi na Capital, após perceber que ela servia como ‘ponte’ de informação sobre o assunto para várias pessoas. “Comecei a amadurecer essa ideia que em um primeiro momento foi negada e hoje não vejo problema em ter uma delegacia em meio há tantos problemas raciais que temos”.
Masour Elias Karmouche, presidente da Ordem dos Advogado em MS, apoia o pedido e seguirá firme para que isso seja concretizado, conforme relatou em entrevista, Marinalva Pereira.
(Texto: Izabela Cavalcanti)