Muitos acreditam que receber cuidados paliativos significa que não há mais nada a fazer pelo paciente. Não é verdade. Isso simplesmente indica que o diagnóstico é de uma doença crônica grave, que ameaça a vida e que uma equipe multiprofissional irá cuidar de quem está doente e daqueles que o cercam. Ou seja, há sim muito a fazer pelo paciente.
A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) lançou recentemente o “Atlas dos Cuidados Paliativos no Brasil 2019” que faz uma atualização da “análise situacional e recomendações para estruturação de programas de cuidados paliativos no Brasil.”
O documento mostra a evolução do total de serviços de uma edição para a outra passando de 177 em 2018 para 191 em 2019. O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul como um dos poucos do país que prestam cuidados paliativos pediátricos. Em todo o Brasil, são apenas 77 instituições que prestam este serviço.
Único no estado com pediatria, o SAD-HRMS (Serviço de Atendimento Domiciliar do Hospital Regional) presta o atendimento desde 2010 e conta hoje com duas equipes credenciadas pelo Ministério da Saúde no Programa “Melhor em Casa”. Cerca de 20 profissionais compõe as duas equipes que são formadas por médicas, enfermeiras, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, assistente social e psicóloga.
Referência para outros hospitais na implantação do Serviço de Atendimento Domiciliar, o SAD-HRMS atende cerca de 60 pacientes por mês.
De acordo com a médica paliativista Patrícia Salomão Cunha, com avanço nas tecnologias de diagnóstico e tratamentos médicos, houve uma diminuição na mortalidade infantil e aumento na sobrevida de crianças em condições crônicas, muitas vezes incapacitantes. “Isso nos trouxe a importância em trabalhar para a desospitalização desses pacientes, que antes cresciam dentro do hospital devido a dependência de aparelhos de suporte a vida e cuidados multiprofissionais”.
O Serviço de Atendimento Domiciliar e os cuidados paliativos aparecem como alternativa para desospitalização precoce dessas crianças, sem a necessidade de processos judiciais para homecare, o que demanda uma grande espera pelas famílias.
“A desospitalização pelo SAD representa um alento para essas famílias, que muitas vezes se sentem totalmente desamparados diante de um diagnóstico desfavorável e necessitam de suporte multiprofissional para retornar para seu domicílio”, diz a médica.
A diretora-presidente do Hospital Regional do Mato Grosso do Sul, Rosana Leite, afirmou que o Serviço de Atendimento Domiciliar “representa, assim como todos os outros setores, o comprometimento dos profissionais que aqui atuam com a missão do hospital, baseada na valorização do ser humano”.
(Texto:Ana Beatriz Rodrigues com informações da Agência Brasil)