Mato Grosso do Sul está entre os estados que já zeraram o estoque de alguns medicamentos utilizados para a intubação de pacientes graves da COVID-19. Dois grandes hospitais da Capital vem sofrendo com a falta de remédios que compõem o kit entubação: o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), referência no tratamento de pacientes com coronavírus, e a Santa Casa, unidade que absorve a demanda de pacientes graves, mas que não estão contaminados por COVID.
Durante as lives de terça e quarta-feira, o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, comentou sobre o baixo estoque de alguns remédios e destacou os esforços para a compra dos medicamentos do kit. “Esses medicamentos estão em falta no universo. A gente tem feito várias cobranças junto ao Ministério da Saúde para que nos envie esses medicamentos e fazendo também o processo de licitação. A indústria farmacêutica está com a capacidade máxima de fabricação desse medicamento esgotada. Tudo que se produz é consumido”, afirmou o secretário.
A Santa Casa de Campo Grande informou que a situação está crítica, pois não estão conseguindo encontrar alguns anestésicos e bloqueadores neuromusculares no mercado farmacêutico extremamente necessários para o atendimento à pacientes graves que necessitam de procedimentos invasivos, dentre eles, a intubação para melhora do controle respiratório.
“É o caso do Atracúrio de 2,5 ML e 5ML, Rocurônio e Pancurônio, Propofol de 100ML e Dextrocetamina de 50 mg/ML”, informou o hospital. Ainda segundo a Santa Casa, a demanda de atendimento está elevada, por seguir como retaguarda no atendimento de pacientes graves não contaminados pela COVID-19 e, por isso, a importante necessidade dos insumos.
No caso do HRMS, de acordo com a diretora, Rosana Leite Melo, algumas compras foram feitas, mas devido a falta dos medicamentos em todo o país, o hospital está com baixo estoque. Alguns deles deve durar por mais cinco dias. “O estoque dá para aguentar uns cinco dias. O bloqueador muscular Atracúrio dá para aguentar dois dias, acabando, a gente mantém os pacientes com o relaxante muscular Rocurônio que dá para uns três dias”, explicou. Segundo ela, outros medicamentos que fazem parte do kit entubação estão com estoque disponível para 30 dias.
Rosana destacou que o hospital fez uma compra de mais de 30 mil ampolas dos medicamentos que não foram entregues. Segundo ela, estão sendo utilizados mil ampolas de medicamento ao dia. “O secretário de Saúde do Estado Geraldo Resende já conversou conosco e estamos todos tentando a compra e que entregue o que nós já compramos. Mas, não tem previsão de data, se essas medicações não chegarem com urgência, vamos ter que usar outros meios, outras medicações não tão eficazes para atender os pacientes”, comentou.
O jornal O Estado entrou em contato com outros hospitais para saber sobre os estoques de medicamentos que compõem o kit entubação. O hospital El Kadri também afirmou que estão com dificuldades em ter acesso aos medicamentos, e, em decorrência disso, prestar atendimento a pacientes internados. Já o Hospital do Pênfigo informou que os estoques dos medicamentos referentes ao kit são controlados e ainda afirmou que são feitos planejamentos para atender possíveis emergências. Ambos não detalharam a situação dos estoques.
O Hospital Unimed Campo Grande informou que desde março de 2020, quando iniciou a pandemia no Brasil, suspendeu as cirurgias eletivas e, desta forma, realizou estoque de medicamentos e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) suficientes para atender a demanda que ora se estabeleceu.
Gravidade no país
A falta generalizada de medicamentos para o kit intubação falta 22 estados e além do Distrito Federal. O número é do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e foi divulgado ontem (13) pelo site UOL. O levantamento sobre a situação no país foi feito até o dia 9 de agosto, em 1.500 hospitais de referência para tratamento da COVID-19 da rede pública estadual e privada.
(Dayane Medina com Raiane Carneiro)