A soltura dos mosquitos Aedes Aegypt infectados pela bactéria Wolbachia, que impede a transmissão de dengue, zika ou chikungunya, só deve ocorrer em junho de 2020, de forma gradativa. Nesta quinta-feira (7) uma equipe da Fiocruz, responsável por fazer a infecção do mosquito e o monitoramento dos resultados, esteve em Campo Grande para discutir os rumos da medida com representantes da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública).
Inicialmente, a soltura dos mosquitos modificados era prevista para este mês, no entanto, a Fiocruz vê a necessidade de que uma biofábrica na cidade para que o projeto seja realizado com sucesso.
Segundo o responsável pelo WMP (World Mosquito Program) em Mato Grosso do Sul, Gabriel Sylvestre, antes dos mosquitos serem liberados, é iniciado um processo de reconhecimento de área, e estudo das características dos bairros e da região.
“Nós precisamos calcular alguns dados quando pensamos em liberar os mosquitos, são muitos critérios e nós listamos bairro a bairro, entre eles, está o tamanho da região, quantas pessoas moram por lá, qual o índice de infestação desse mosquito, e por onde a doença começa”, revela.
Em Campo Grande, os estudos ainda estão em andamento, é necessário encontrar um local para que a biofábrica de mosquitos seja implantada. ”Nós teremos um espaço para preparar o material para ser liberado em campo, nós ainda estamos em busca de um local, que será reformado para receber o material que vem do Rio, em que será trabalhado para que virem mosquitos e possam ser liberados aqui”, aponta Sylvestre.
Campo Grande é uma das três primeiras cidades do país a desenvolver uma biofábrica, seguindo o método wolbachia, além de Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG). O município deu início aos estudos, que antecedem a implantação, há sete meses. A expectativa é que em três anos, a cidade esteja com 100% de sua extensão urbana contemplada. A iniciativa é uma parceria da Fiocruz e do Ministério da Saúde, e da prefeitura. Agentes de endemias chegaram a iniciar um treinamento em agosto para orientar a população sobre o projeto.
Liberação dos mosquitos
Em junho deste ano, a Sesau chegou a informar que o bairro que serviria de piloto para o projeto seria o Moreninhas, que receberia a soltura dos insetos, mas, a Fiocruz ainda avalia outras opções. Após o estudo do ambiente em Campo Grande, os bairros que receberam os primeiros mosquitos serão selecionados e, gradativamente, a equipe espera alcançar todo o município.
”A ideia é que os mosquitos sejam liberados, a princípio, no 2º trimestre de 2020. Nós ainda não temos o nome do bairro por ondes começar, mas, em 37 meses, todo o município receberá o mosquito wolbachia”, assegura. O manuseio e liberação in loco será realizado por servidores, que passaram por treinamento. ”Toda atividade de campo será desenvolvido pelos agentes comunitários que trabalham no município, que até o fim do ano, darão inicio aos treinamentos”, frisa o responsável pelo WMP.
(Texto: Amanda Amorim)