Especialista fala sobre o ‘desafio do sacrifício’ pelo coletivo

O ato de permanecer em casa é necessário, mas para muitos pode ser um verdadeiro desafio

Cenário bastante comum em todo País e que se repete em Mato Grosso do Sul, é o aumento de casos e óbitos provocados pelo novo coronavírus que seguem na contramão das taxas de isolamento social. Sendo as medidas de mobilidade social a única forma de se proteger do vírus, porque é tão difícil seguir as recomendações de autoridades de saúde?

É curioso ver que em paralelo ao aumento considerável de infectados e óbitos, ficar em casa é um ato praticamente impossível de se cumprir. A explicação para o desinteresse pode estar no aspecto político e econômico, mas também pode ser atribuído a questões mais íntimas, ligadas à forma como se encara a realidade.

Na avaliação da psicóloga Gabriela Silva Molento, fazemos parte de uma cultura hedonista, que valoriza o imediatismo e a busca de soluções fáceis, que nega a frustração e dá maior importância a satisfação do prazer individual e imediato, sem pensar nas consequências.

“Sabemos que o não cumprimento das instruções básicas que podem prevenir a proliferação do vírus vai influenciar no resultado da realidade e para isso certos prazeres e hábitos como rodas de tereré, situações de aglomeração, saídas de final de semana e entre outros, terão que ser sacrificados por um tempo, e isso frustra”, avalia.

A cultura do entretenimento e do consumismo são atribuídos pela especialista como uma maneira de os indivíduos lidarem com essa frustração. “Isso gera uma dependência emocional, e quando falta, resulta em problemas de ansiedade, vícios, compulsões e comportamentos incoerentes como esse em relação ao coronavírus, devido as pessoas não se autoconhecerem o suficiente para saberem lidar com suas frustrações e emoções de forma equilibrada, saudável, e direcionada para o crescimento pessoal e o bem-estar social”, pontua Gabriela.

Embora a pandemia exponha o lado mais frágil e vulnerável das pessoas, ela também oferece ao ser humano condições de experimentar a empatia e a solidariedade não só do cuidado individual, mas também coletivo.  “Precisamos fortalecer esses valores que beneficiam a vida, a saúde, a nossa essência, o mundo sensível da alma que nos preenche de um verdadeiro sentido existencial. E isso só é possível através do autoconhecimento, como já dizia o filósofo Sócrates há mais de 2000 ano atrás: conheça a ti mesmo“, finaliza.

(Texto: João Fernandes com assessoria)

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