Longe do país de origem, os libaneses que vivem em Campo Grande lamentam a tragédia que ocorreu na terça-feira (4) na região portuária de sua capital, Beirute. O país, que sofre com os efeitos da sua mais grave crise econômica desde o fim da guerra civil, em 1990, também tem sofrido com a pandemia da COVID-19. O cônsul honorário Eid Toufic Ambar, do Consulado Honorário do Líbano em Campo Grande, enxerga a situação com muito pesar. “É muito triste ver esses acontecimentos a longa distância, sem poder ajudar de prontidão”, respondeu.
Para ele, a destruição ainda não está bem explicada, por isso acredita que pode ser resultado de um ataque. “O governo ainda não assumiu de fato o que aconteceu, existem várias versões, uns dizem que foi em um armazém de produtos químicos, outros acreditam que possa ser um ataque de algum país vizinho, o que a gente sabe é que a tragédia deixou mais de 100 mortos, 4 mil feridos”, comentou.
O que o cônsul lamenta é a situação que o país está enfrentando. “O país já vem vivendo há um certo tempo com a crise financeira, este ano veio a pandemia lotando os hospitais, e por fim essa tragédia com tantos feridos. Agora não existe a menor possibilidade dos hospitais atender o povo”, destacou, relatando que muitos estão sendo atendidos nas ruas.
Atualmente, segundo Eid, países com maior condição financeira que o Brasil já estão enviando ajuda, e que está sendo estudado o envio de ajuda monetária. “Estamos estudando uma forma de ajuda monetária, nada definido ainda, pois depende de uma ordem do consolado de São Paulo, mas os países como França, Reino Unido, e até mesmo os Estados Unidos, estão solidários e já enviaram medicamentos e até ajuda médica”, relatou.
Comunidade libanesa no Brasil é quase o triplo da população do Líbano
Segundo Eid, atualmente existem mais libaneses no Brasil que no Líbano. “Estima-se que entre 5% e 8% da população brasileira é de libaneses ou descendentes. São cerca de 10 milhões de libaneses aqui. Esse número dá o dobro da população do Líbano”, destacou. “A estimativa da Federação Nacional das Entidades Líbano-Brasileiras aponta ainda que MS tem a segunda maior comunidade libanesa proporcionalmente a sua população”, acrescentou.
(Texto: Dayane Medina/Publicado por João Fernandes)