Humor deprimido, energia reduzida, perda de prazer, esses são alguns dos sintomas que os pais e professores devem se atentar
Acabou a infância e a adolescência chega trazendo um monte de transformações. É o corpo perdendo a inocência, bullying na escola, pressão em casa. Haja equilíbrio para lidar com tanta pressão. O resultado é que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), pelo menos 12% dos adolescentes sofrem de depressão, mas o problema pode ser ainda maior se levarmos em conta que, em muitos casos, eles não falam a respeito e sequer saem do quarto.
De acordo com a professora do curso de psicologia da Uniderp, Maria Lúcia Salamene de Oliveira Kroll, as causas para o aparecimento do transtorno depressivo na adolescência está relacionada a fatores de risco importantes, tais como o crescimento e o desenvolvimento físico.
”Até a puberdade, tanto meninos como meninas apresentam o mesmo risco para desenvolver o transtorno depressivo maior, porém, após seu início, ambos os sexos apresentam o mesmo risco, devido principalmente as alterações hormonais presentes nessa fase do desenvolvimento humano”, explica a docente.
Outra causa bastante importante é o novo papel social ou desenvolvimento social muito típico e intenso na fase da adolescência. ”Nessa fase da vida, os grupos de amigos são muito importantes para os jovens, simbolicamente representa a saída da infância e a busca por novos ‘pares sociais’ e ‘amorosos’. Ocorre uma diminuição de suporte ofertado por um adulto e consequentemente a transferência de maiores responsabilidades até então não experimentadas psiquicamente pelos adolescentes”, exemplifica.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) apresenta dados alarmantes que estimam para as próximas décadas um aumento significativo para a depressão e é a segunda principal causa morte de jovens entre 15 e 25 anos no mundo.
”O transtorno depressivo maior de início precoce possui algumas diferenças entre idade e gênero. Pesquisas observaram maior desesperança, desamparo, falta de energia, cansaço, sonolência excessiva, perda de peso e comportamento suicida em adolescentes do que em crianças deprimidas”, revela.
Segundo Maria Lúcia, pais e responsáveis devem estar atentos aos sinais que o adolescente apresenta. ”Humor deprimido, energia reduzida, perda ou diminuição de prazer, ideias de culpa e de inutilidade, distratibilidade, pensamentos de morte, de menosprezo, desesperança, alterações de sono e pensamentos suicidas, além de alterações do apetite. Diante de alguns desses sinais, os responsáveis devem procurar imediatamente ajuda médica”, orienta a professora.
A detecção precoce pode favorecer a maior quantidade possível de benefícios por meio das intervenções, diminuindo o impacto social, acadêmico e interpessoal, além de proporcionar uma adolescência mais saudável.
”Os pais devem ficar atentos quando essas mudanças significativas de humor se tornam persistentes e duradouras, podendo levar a prejuízos nas áreas sociais, acadêmicas e interpessoais. Diante desse quadro a possibilidade de um transtorno de humor pode ser considerada. Nesse momento buscar ajuda especializada”, aconselha.
(Texto: Bruna Marques)