Cura da Aids é esperança para mais de 3 mil pessoas em CG

Tratamento foi capaz de anular por 17 meses o vírus HIV do organismo do paciente, que segue em monitoramento

Pelo menos 3.100 moradores somente de Campo Grande que vivem em luta contra a Aids, segundo dados da Sesau (Secretaria Municipal da Saúde Pública), ganharam uma nova esperança no último fim de semana, quando a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) anunciou que um tratamento desenvolvido por um de seus pesquisadores anulou há 17 meses o vírus HIV de um paciente que tinha a doença há sete anos.

O paciente, que não teve o nome revelado, participou de um estudo liderado pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz e mostra que os cientistas brasileiros estão no caminho certo da cura. Segundo o médico, o vírus não foi detectado no corpo do paciente nem mesmo após passar por exames de alta precisão de diagnóstico.

O número de anticorpos que combatem o HIV, que são usados como parâmetro para descobrir se uma pessoa contraiu o vírus ou não, também tem caído progressivamente, “o que é uma evidência de que o vírus pode não estar mais ali”, disse Diaz, ao jornal O Estado.

É o terceiro paciente no mundo a ter erradicada a Aids de seu corpo. Antes, dois homens, um nos EUA e outro na Alemanha, foram considerados curados do HIV após passarem por um tratamento baseado no transplante de medula óssea durante a última década, que apresentou uma mutação inédita. “Ainda é cedo para definir como uma cura, pois sempre há a possibilidade do vírus voltar a se manifestar. Por isso deixamos o paciente em acompanhamento”, completou Diaz.

Por esta razão, o professor e sua equipe aguardam a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que mais testes sejam realizados em 50 voluntários. “Estamos com uma perspectiva muito boa”, disse.

Os estudos coordenados por Diaz trabalham em duas frentes para combater o vírus: a primeira utiliza medicamentos que eliminam o microrganismo durante sua replicação e em células infectadas (mesmo que o vírus esteja adormecido nelas); e a segunda visa ao desenvolvimento de uma vacina que leve o sistema imunológico a reagir contra as células doentes que os fármacos não conseguiram eliminar.

O paciente noticiado foi um dos 30 voluntários com carga viral indetectável e sob tratamento-padrão que participaram de um dos testes do estudo, cujos primeiros resultados foram anunciados em 2018. Na época, os voluntários foram divididos em seis grupos e receberam diferentes combinações de remédios que eliminam o vírus, além do coquetel de antirretrovirais usado no tratamento-padrão.

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(Texto: Rafael Ribeiro/ publicado no site por Karine Alencar)

 

 

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