Compra e venda de ouro movimenta as ruas da região central de Campo Grande

ouro
Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Empresários confirmam o ritmo acelerado de comercializações e valores de até R$ 190 por grama

Investir em ouro é algo que as pessoas fazem há muito tempo, antes até de existirem as formas de investimento que conhecemos atualmente. Esse investimento se tornou mais fácil com o passar do tempo, como com ações, fundos de investimentos e o tesouro direto, mas ainda há um grande fluxo na compra e venda do metal, à moda antiga. Em Campo Grande, o mercado é bastante competitivo. Somente na região central da Capital, existem cerca de 20 pontos de compra de ouro. Afinal, quem nunca andou pelo centro e avistou uma placa com os dizeres “compro ouro”? O Estado foi às ruas para saber como está o mercado atualmente. 

Com forte esquema de segurança, reforçadas com grades, travas e câmeras de segurança, são diversos os pontos de compra do metal pela Capital. Ocupando o ponto da primeira loja que passou a comprar ouro na região central da Cidade, Eduardo Araújo, conhecido como Dudu Portugal, está no ramo há cinco anos. “Vim para esse ponto, localizado na rua Dom Aquino, depois do pioneiro em compra de ouro de Campo Grande morrer. Resolvi entrar no mercado, pois o ouro sempre tem o seu valor, em qualquer lugar do mundo, a todo tempo. O ouro sempre será um bom investimento. Comecei nesse ramo querendo comprar de 30 a 40 gramas por semana, e atualmente compro de 100 a 150, chegando até em 200 gramas de ouro”, iniciou ele.

Entendendo o valor do material que pode se transformar em aliança, pulseira, colar, e infinitas possibilidades, Dudu Portugal descreveu a grande procura por venda de ouro. “A procura é constante. Costumo dizer que comprar ouro é fácil, basta ter dinheiro, o diferencial está na conduta aplicada. Muitos tiram proveito e alteram a pesagem do ouro, entre outras atitudes. O cliente precisa ter confiança em quem irá comprar. As épocas de mais procura são festividades, quando as pessoas perdem, e outras trazem para vender”, relatou. 

Como meio de fazer dinheiro, na época da pandemia da covid19, muitos buscaram vender suas joias para pagar contas e suprir as necessidades daquele momento. “Foi bastante comum a procura pela venda imediata. Muitos alegaram ser para pagar contas e, principalmente, para pagar hospital e medicamentos, pois tinham familiares morrendo”, disse. 

Cotado, o preço do ouro está em R$ 311 atualmente, e é baseado nessa cotação que os compradores do metal calculam o valor que podem pagar na compra. Nos dias atuais, estão pagando até R$ 190 o grama do ouro. “É importante destacar que cada pepita de ouro tem o seu teor, em outras palavras, a sua pureza. Em algumas regiões, ela é composta por até 75% de ouro, sendo o restante, impurezas. Já em outras regiões do Brasil, pode chegar até 95 ou 100% sua qualidade”, explicou Dudu à reportagem. 

Em contrapartida, Idalmo de Lima, que já está no ramo do ouro há 40 anos, em sua percepção houve mudanças no mercado. “A década de 80 até os anos 2000 foram anos de muito serviço. A compra do ouro estava como nunca vista. Dos últimos anos para cá, deu uma diminuída, mas anda assim é um setor em que sempre há procuras, isso é incontestável. As últimas gerações têm perdido a afinidade com o ouro. De 10 pessoas que eu recebo por dia, querendo vender seus pertences, de seis a oito portavam bijuterias. Isso desgasta os nossos serviços. Usam peças que são apenas banhadas”, contou ele. 

Localizado na avenida Afonso Pena, em frente à praça Ary Coelho, o empresário descreveu algumas dificuldades nos anos de trabalho. “A inflação e sistema político têm nos prejudicado, muitas das vezes. Os compradores clandestinos, também. Eles são os que mais atrapalham os nossos serviços, trabalhando ilegalmente. Muitos deixam de vender aqui, por acharem outro que fez uma outra proposta, mas alguns trabalham de má-fé. É um ramo que precisa ter cuidado”, pontuou o senhor Lima.

Maioria do ouro comercializado no Brasil tem indício de origem ilegal

Recentemente, muitos questionamentos surgiram quanto à origem do ouro, após ser retirado das terras indígenas. Segundo o Instituto Escolhas, que sistematiza estudos sobre mineração e uso da terra, em 2021, 52,8 toneladas de ouro comercializadas no Brasil tinham graves indícios de ilegalidade. Ou seja, circularam no mercado sem lastro legal, o que corresponde a mais da metade (54%) da produção nacional. Entre 2015 e 2020, o total de ouro com indícios de ilegalidade comercializado no Brasil foi de 229 toneladas. 

O instituto destaca ainda que quase dois terços do ouro (61%) são extraídos da Amazônia. A suspeita é de que 32 toneladas do metal recolhido na região, no mesmo ano, eram irregulares. Em relatório, a entidade também cita quais os Estados de onde saiu o ouro, no ano analisado. Mato Grosso é o principal local de origem (16 toneladas), seguido pelo Pará (13,6 toneladas), Rondônia, Tocantins, Amapá e Amazonas. Embora se possa identificar a origem do ouro, saber o destino das pepitas é um desafio maior.

Ex-presidente Bolsonaro é investigado por joia recebida da Arábia

O Ministério da Justiça e Segurança Pública vai acionar a polícia federal para investigar a tentativa, do governo Bolsonaro, de trazer ilegalmente ao Brasil joias avaliadas em R$ 16 milhões. O caso foi revelado pelo jornal “O Estado de São Paulo”. 

Um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes foram apreendidos pela Receita Federal, em outubro de 2021, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. 

As joias estariam na mochila de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Eles retornavam de uma viagem oficial ao Oriente Médio. 

A assessoria do ex-ministro informou que as joias eram presentes institucionais da Arábia Saudita e que, por isso, o ministério adotaria as medidas cabíveis para o correto encaminhamento do acervo recebido. 

A Receita Federal vai apurar também as circunstâncias sobre a entrada de um segundo conjunto de joias, enviado pela missão chefiada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Por  Brenda Leitte  – Jornal O Estado do MS.

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