Cobertura vacinal de crianças até 5 anos despenca na Capital

Situação enfrentada por Campo Grande é semelhante à registrada no país

Campo Grande não atingiu, no último ano, a cobertura vacinal de quatro das nove principais vacinas preconizadas para crianças de até cinco anos de idade. Os dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) levam em consideração que a meta de vacinação para este público varia entre 90% para tuberculose e rotavírus, e 95% para as demais vacinas.

Nos últimos cinco anos, a Capital registrou queda acentuada da imunização para a VIP (Vacina Inativada Poliomielite). A vacina que protege contra a paralisia infantil atingiu apenas 84,6% de cobertura vacinal em 2019 – ou seja, cerca de 12.068 crianças receberam a dose ao longo do ano passado.

A VIP alcançou a meta de cobertura vacinal pela última vez em 2015, com o percentual de 101,31% de doses, que foram aplicadas em 13.874 crianças de dois, quatro e seis meses de vida. Em 2016, os índices caíram para 92,8% e no ano seguinte sofreram nova queda, com 85,96% da meta alcançada. A tendência se repetiu em 2018, quando apenas 85,7% das crianças que deveriam ser imunizadas receberam doses da vacina.

Com 75,8% de doses aplicadas, a vacina pentavalente foi a que apresentou os menores índices imunização no município em 2019. A vacina garante a proteção contra cinco doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo B, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta. As crianças devem tomar três doses da pentavalente: aos dois, quatro e seis meses de vida.

O coordenador de imunização da Sesau, Evandro Ramos, explicou que, no caso da pentavalente, a cobertura ficou abaixo da meta em decorrência de problemas de desabastecimento nacional das doses. “Na prática, nós não tivemos uma cobertura ideal por conta de alguns reflexos, pela própria questão de não ter a vacina, e pela população não retornar à unidade de saúde quando a mesma era reabastecida”, frisou.

A fisioterapeuta Daniela Domingos relatou que precisou ir quatro vezes ao posto de saúde para garantir a dose de 1º reforço da vacina pentavalente. “A vacina seria para quando meu filho tivesse um ano e três meses, mas ele só conseguiu tomar com um ano e oito meses”, disse.

A imunização na faixa etária de até cinco anos é imprescindível, de acordo com o médico pediatra Alberto Jorge. Este é o período em que as crianças estão mais vulneráveis do ponto de vista imunológico, principalmente aquelas com menos de dois anos. “Às vezes são doenças que podem ter consequências severas, levando até a morte, e que são patologias imunopreveníveis. Ou seja, que são controladas por vacinas”, pontuou.

Para o pediatra Luiz Claudio Ibaldo, além de fatores como a situação econômica da população, a fala recente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobre a não obrigatoriedade da população se vacinar, ao se referir a vacinação contra a COVID-19, acende um alerta que poderá prejudicar ainda mais a cobertura vacinal, já em queda no país.

Campo Grande também não atingiu meta para a vacina Pneumo 10, que protege as crianças de bactérias tipo pneumococo, responsável por doenças graves como meningite, pneumonia, otite média aguda, sinusite e bacteremia. A vacina, que é administrada em três doses, além de mais um reforço, alcançou a taxa de 93,49% no ano passado, abaixo dos 95% considerados ideais.

Conforme o médico Luiz Claudio, não se vacinar contra doenças críticas é inadmissível em um país que conta com as melhores coberturas vacinais do mundo.

“A poliomielite é uma doença grave, quando não torna a pessoa cadeirante, ela traz consequências como um membro torto. Outro caso, é a meningite meningocócica, que possui taxas de sobrevivência de apenas 15%, e dentro dos casos que sobrevivem à doença, 80% ficam com sequelas graves”, ressaltou.

Em relação à febre amarela, cerca de 12.713 mil pessoas receberam a dose contra a doença durante todo o ano passado. O quantitativo representa uma taxa de 89,13% de imunização. A Capital atingiu pela última vez a meta de vacinação para a enfermidade em 2016, quando 14.437 mil doses foram aplicadas, o que resultou em uma taxa de cobertura vacinal de 101,65%.

Doses aplicadas em MS

De acordo com os dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde), em 2019, foram aplicadas em Mato Grosso do Sul, 50.871 doses da vacina BCG, 87.590 doses contra a febre amarela e 180.726 vacinas contra a Hepatite B.

Ao todo, 127 mil crianças foram imunizadas contra a poliomielite e 130.256 receberam as vacinas pneumocócica 10, administrada em crianças a partir dos dois anos de idade e adultos. A tetra viral, vacina responsável por combater sarampo, rubéola, caxumba e varicela, foi aplicada em 41.520 crianças no Estado.

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(Texto: Mariana Moreira)

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