Ciclone no Sul e frente fria provocaram temporal com rajadas de vento de até 100 km/h em SP

chuva SP
Foto: Giuliana de Toledo/Folhapress

As fortes chuvas com rajadas de vento de 100 km/h que atingiram São Paulo na última sexta (3) foram provocadas, em parte, por um ciclone extratropical que vinha se formando no continente, no Sul do país, e que no sábado (4) já seguia em direção ao oceano Atlântico.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a massa de ar frio se encontrou com outra, de ar mais quente, provocando a tempestade. Em todo o estado, 3,7 milhões ficaram sem energia elétrica por causa do temporal.

Embora tempestades sejam comuns na região Sudeste nesta época do ano, as fortes rajadas de vento são menos frequentes, afirma Deise Moraes, meteorologista do Inmet.

“Havia um aviso de alerta para um sistema frontal [encontro de massas], que se formou por causa de uma frente fria na região Sul e também por causa do ciclone extratropical, que se afastou para o oceano e deixou a ventania no continente. Por isso, atingiu o estado de São Paulo”, disse Moraes.

Segundo a meteorologista, a massa de ar quente estacionada sobre São Paulo na sexta-feira aumentou a instabilidade do sistema, intensificando o vento e provocando chuva com trovoadas. A instabilidade mencionada por Moraes se deve ao choque entre a massa de ar frio, que estava em passagem pelo Sul, e o ar quente acumulado dos últimos dias.

“É como se você adicionasse ar mais quente dos dias anteriores em cima da massa de ar frio que se aproximava juntamente com a formação de uma baixa pressão no sistema frontal, que já estava previsto, provocando chuva intensa”, diz.

Mesma explicação faz o técnico de meteorologia Adilson Nazário, do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo.

“O complicador maior foram as rajadas de vento excessivas, pois o acumulado de chuva foi baixo, algo em torno de 12 mm. O problema mesmo foi a velocidade dos ventos, acima de 77 km/h, chegando a 94 km/h na região norte de São Paulo [Tucuruvi] e a 104 km/h na região do aeroporto [de Congonhas]”, afirma o técnico. O ciclone, acrescenta Nazário, teve pouca influência na instabilidade vista em São Paulo na sexta.

“Ele se formou mais ou menos na mesma hora [que começou a tempestade]. O que houve foi próprio da área de baixa pressão, que chamamos de área de instabilidade, porque o ciclone não avançou para dentro do continente, ele está se afastando. E como havia um acumulado de ar quente, chegando a 31ºC, foi como adicionar gasolina em uma fogueira em chamas”, disse.

Tripulante de embarcação que naufragou é o sétimo morto na tempestade em SP

A Defesa Civil de São Paulo confirmou a sétima morte causada pelo temporal que atingiu o estado na sexta-feira (3). Trata-se do tripulante de 58 anos de uma pequena embarcação que naufragou durante a chuva em Ilhabela, litoral paulista.

Outros dois tripulantes foram resgatados com vida e levados do pronto socorro de Ilhabela com hiportermia. Os náufragos foram encontrados por volta das 10h deste sábado (4).

Os ventos passaram de 150 km/h em Santos, no litoral paulista, segundo dados da Praticagem de São Paulo. Algumas regiões do estado completaram mais de 22 horas sem energia elétrica. A capital paulista e cidades do interior amanheceram com dezenas de árvores caídas nas ruas.

Os mortos da chuva em São Paulo:

São Paulo: duas pessoas morreram devido a queda de árvore
Osasco: queda de árvore
Limeira: desabamento de um muro
Santo André: queda de uma parede de um prédio
Suzano: queda de árvore
Ilhabela: tripulante de embarcação que naufragou
Na zona leste paulistana, duas pessoas morreram depois de serem atingidas por árvores. Em Limeira (a 151 km da capital), um muro atingiu uma vítima.

Em Osasco, na avenida Luiz Rink, duas árvores caíram em cima de um muro, que, por sua vez, destruiu um veículo. Felipe Lima Ribeiro do Nascimento, 21 anos, passava pelo local no momento e foi atingido.

O jovem desembarcou do ônibus e tinha uma caminhada de cinco minutos até em casa. O avô, João Bosco do Nascimento, achou que a demora do rapaz para voltar para a casa era em decorrência da chuva. Ele define o neto como uma pessoa boa. Ao descobrir da morte do jovem, a família ficou em choque e apenas o avô conseguiu comparecer no local.

Em Santo André, uma parede também cedeu e acertou duas pessoas. Uma delas morreu. Outra morte, segundo a Defesa Civil, ocorreu em Limeira, após o desabamento de um muro.

Ana Bottallo, Folhapress.

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