Campo Grande 122 anos: Atleta conquistou a vida em Campo Grande e trouxe a MS incontáveis medalhas

Chris Regiane
Foto: Valentin Manieri

Aos 60 anos, Chris Regiane vai competir em mais um Mundial, levando a bandeira da Capital00

Chris Regiane começou a competir aos 40 anos, e no primeiro mundial já trouxe ouro para casa. Nascida em Cáceres, em Mato Grosso, a lutadora cresceu em Glória de Dourados, mas foi em Campo Grande que a atleta mais recebeu medalhas pelo Brasil. A Capital Morena foi escolhida como “palco” para construir sua vida e sua carreira.

A infância foi difícil no interior. O pai abandonou Chris e seus seis irmãos quando ela ainda era uma criança, e a mãe precisou trabalhar para conseguir cuidar dos sete filhos.

“Meu pai foi embora quando eu tinha 3 anos e minha mãe educou sozinha os sete filhos. Ela precisava de ajuda, então eu considero minha irmã Cezira de Souza como uma segunda mãe, pois desde pequena, com cerca de 6 anos, ela cuidava da casa e dos menores para que minha mãe conseguisse trabalhar”, conta.

Aos 18 anos ela se mudou para Campo Grande, e como toda jovem, ambicionava por uma profissão. A medicina era sua primeira opção, mas não passou no vestibular. Com 22 anos, a medalhista se casou e teve seu primeiro e único filho. O casamento durou pouco tempo, e então logo encontrou uma forma de ganhar uma renda para poder sustentar o filho.

“Fiquei numa situação difícil, morava em uma casa de madeira simplesinha, junto com minha mãe e meu filho. Então comecei a vender perfume e trabalhar com sucata para poder sustentar minha criança e pagar a faculdade com a ajuda da minha mãe”, conta.

A primeira formação acadêmica foi um bacharel em Geografia e hoje, Regiane conta com cinco cursos de graduação.

Chris sempre esteve ligada ao esporte. Empolgada e sorridente, ela conta que foi na Ccapital sul-mato-grossense que começou profissionalmente no esporte, com a luta de braço. Grata, ela se recorda de cada um que ofereceu apoio na sua trajetória.

“Aos 40 anos eu fui para o Brasileiro, foi a minha primeira luta e fiquei em segundo lugar. Na minha posição eu poderia participar do Mundial e, então, voltei para Campo Grande, pedi ajuda do governo do Estado, e prometi trazer medalha. Fui ouro no meu primeiro Mundial”, conta.

Depois disso a carreira da professora de Geografia decolou. Trabalhou por um período nos Estados Unidos, participou de muitas competições e carrega muitas medalhas no peito. “Com o tempo, aprendi que as derrotas ensinam muito mais que as vitórias. Só conhece o gosto ‘amargo’ da derrota os que lutam. O atleta deve aprender que não é preciso se torturar quando se perde uma luta, mas crescer com a derrota e saber o que precisa ser melhorado, as técnicas e a concentração, por exemplo”, salienta.

Hoje, com quase 60 anos, a lutadora treina na academia da companheira e personal trainer Sônia, e continua trabalhando na rede pública de ensino, com aulas para crianças que participam de projetos de luta.

“Cheguei aqui aos 18 e estou até agora com 59 anos. Esta é a cidade do meu coração, que eu amo muito, que me acolheu. Foi aqui que eu pude crescer intelectualmente, ter minha autonomia financeira, poder dar uma vida melhor para minha família, onde encontrei muito amor. Aqui me foram oferecidas possibilidades para que meus sonhos fossem materializados. Salve Campo Grande, a minha Cidade Morena que eu amo muito”.

Chris Regiane de Souza segue treinando para competir no próximo Mundial de Luta de Braço e afirma chegar “até os 70 anos sem perder”.

 

“Com o tempo, aprendi que as derrotas ensinam muito mais que as vitórias. Só conhece o gosto ‘amargo’ da derrota os que lutam”.

 

(Texto de Beatriz Magalhães)

 

Confira o caderno de Aniversário de Campo Grande. 

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