A falta de recursos em uma comunidade onde muitos não têm nem acesso à internet fez com que a Prefeitura de Campo Grande montasse ponto de vacinação para busca ativa no bairro Dom Antônio Barbosa. Na fila da vacina, se repetiam histórias de quem já poderia estar imunizado há muito tempo, mas adiou a procura por falta de informações ou de recursos para se dirigir até os locais onde a aplicação é feita.
Segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, levantamento feito pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) observou alto número de pessoas acima de 18 anos que não tinham se vacinado, nem mesmo feito o cadastro para receber as doses. Em análise mais detalhada, identificou-se que a maior parte desse grupo se concentrava em comunidades afastadas e com alto índice de vulnerabilidade social.
“Essas pessoas têm dificuldade no acesso a informação e tecnologia. Muitos precisam de auxílio para fazer o cadastro e só fazem quando chegam aqui, com nosso auxílio. Por isso nossa estratégia é alcançar esses moradores porque diante da ameaça de uma nova variante, quem estiver desprotegido pode disseminar uma alta incidência no nosso município”, explica
Na avaliação de José Mauro, por causa do pouco acesso à informação, moradores de comunidades carentes também são os mais afetados por falsas notícias criadas para minimizar a pandemia e colocar em xeque a eficácia da vacina.
“Enfrentamos essa pandemia sem um direcionamento firme e único a respeito da doença. Houve a politização e há um discurso contrário da maior autoridade política do País. Isso causa nas pessoas o entendimento que a doença não é tão grave e que a vacina pode ter um efeito ruim”, avalia o secretário.
Na fila da vacina, Vitória Gabrielly, 19, exemplifica bem a realidade citada por José Mauro. Mesmo com passe livre para vacinar há algum tempo, ela conta que deixou de procurar os postos de imunização por fatos negativas que leu na internet. “Fiquei receosa e preferi não ir. Acabei sendo influenciada por fake news”, relata.
Mesmo depois de vencer a barreira da desinformação e decidir tomar a vacina, ela conta que não teve recursos para procurar um dos pontos de aplicação. Por isso comemorou quando o polo de busca ativa foi aberto no Dom Antônio Barbosa, bem perto de onde ela mora. “Nossa região é muito distante e para se locomover é difícil. Para mim, foi maravilhoso ter a vacina aqui perto e, sinceramente, até me surpreendi porque somos um pouco esquecidos”, finaliza.
Quem não perdeu tempo foi o João Vitor Alves Fontenel, 17. Adolescente, ele fez questão de ir se vacinar no primeiro dia de imunização para o grupo dos menores de idade. “Na minha idade, os jovens saem muito e se aglomeram. Agora, com a vacina, o risco de se contaminar diminui”, afirma o rapaz, que já se diz ansioso para a segunda dose.
A previsão da Sesau é de que o posto de busca ativa vacine pelo menos 200 pessoas. Além do Dom Antônio, outro ponto de aplicação das doses foi instalado no bairro Santa Luzia.
“A partir desta segunda-feira, estaremos em quatro terminais de ônibus, em seguida, vamos para shoppings e supermercados”, finaliza. Acesse também: Com posicionamento forte, Simone Tebet é a 4ª da série presidenciáveis
(Texto: Clayton Neves)