População tem lista com as principais reivindicações que devem ser entregues ao presidente na sexta-feira
Desde a confirmação da visita do presidente Jair Bolsonaro ao Assentamento Santa Mônica, em Terenos, nessa sexta-feria (14), moradores da região onde moram cerca de 1.200 famílias já começaram a se preparar para receber o chefe do Executivo federal, que pela segunda vez vem a Mato Grosso do Sul. Na esperança de vê-lo de perto, há quem já tenha discurso ensaiado caso surja a oportunidade de um “dedo de prosa”.
Vale lembrar que o presidente vetou em maio deste ano o pagamento do benefício aos assentados, além de ter vetado, em 25 de agosto, a Lei Assis de Carvalho, que previa um auxílio aos agricultores familiares durante a pandemia.
A dias do desembarque da comitiva presidencial, movimentação nas estradas que dão acesso ao Santa Mônica já evidenciavam mudança na rotina da região. Segundo moradores, desde a última segunda-feira (10) equipes já percorriam o local fazendo reparos e instalações para a agenda
“Está todo mundo comentando. O grupo do WhatsApp não para”, conta Rosalina Maria de Brito, de 63 anos, dona de um pequeno comércio. Na expectativa de ver e falar com Bolsonaro, ela conta que pretende fechar a loja no dia da visita para não perder a cerimônia, que vai acontecer a cerca de 5 km de onde mora. “Estou bem ansiosa porque para nós é um privilégio receber uma autoridade tão grande, independente de quem seja”, acredita.
Se tiver a chance de pedir algo, a moradora lembra que gostaria de destravar acesso ao pagamento do auxílio emergencial, já que não conseguiu aprovação. Segundo ela, o dinheiro ajudaria a complementar a renda. Já para o assentamento, a reivindicação está na “ponta da língua”. Asfalto para as estradas. “Aqui moram vários pequenos produtores que precisam levar o que cultivam para vender na cidade, mas as estradas são ruins, principalmente quando chove”, relata.
Com aproximadamente 700 casas, o Santa Mônica é lincado a outros seis assentamos que, juntos, abrigam cerca de 1.200 famílias. Com maior parte da renda vindo da agricultura familiar, uma das prioridades dos moradores é com o acesso a benefícios durante a pandemia e educação de qualidade para as centenas de jovens que moram local.
“Eu recebo o auxílio, mas é um valor pequeno para atender as necessidades. Poderia ser pago a mais pessoas e com um valor maior, até porque, as coisas por aqui não são fáceis”, conta a dona de casa Nayara Damiana, de 32 anos.
Além da dificuldade financeira, ela lembra da necessidade de acesso à boa educação. “Eu comecei a estudar aqui, mas acabei transferindo para Campo Grande por causa da qualidade do ensino. Se eu tivesse um minutinho com o presidente, pediria um olhar para a educação”, revela.
Empolgada com a chegada de Jair Bolsonaro, ela acredita que a presença pode estimular melhorias na região. “Ele vindo aqui vai ver de perto nossa realidade e ter noção real do que precisamos”, afirma.
A preocupação é a mesma da Valbis Carlos Muniz, de 59 anos. Excluída do auxílio pago pelo governo durante a pandemia, ela tira do cultivo de mandioca, milho e verduras o sustento da casa.
Junto do filho, de 26 anos, a produtora rural sonha com a entrada do jovem em um curso de nível superior. “Eu gostaria de conversar com o Bolsonaro. Pediria a ele um jeito para que esses jovens façam uma faculdade, já que com nossos recursos não tem condições”, desabafa.
Pela rádio comunitária do assentamento, Valbis ficou sabendo da visita inesperada e já começou a se programar. “Eu vou lá. Vou me preparar e vou”, conta.
Na casa da Raquel Jaques, o sonho da universidade também é o que movimenta e esperança da mãe comerciante e da filha adolescente, que aos 17 anos sonha em ser médica.
“É preciso dar mais chances para que os jovens façam faculdade, afinal, eles são o nosso futuro. Nós, que somos mais carentes, não temos condições”, completa.
De acordo com o Palácio do Planalto, o presidente desembarca em Campo Grande na manhã de sexta-feira (14). Às 10h30, está prevista a entrega de títulos de propriedade rural aos moradores do Assentamento Santa Mônica. Em nove meses, está é a segunda vez que Bolsonaro visita Mato Grosso do Sul.
Texto: Clayton Neves
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