Superlotação e falta de servidores expõem fragilidade do Instituto Penal

Especialista indica que houve falha no sistema de segurança da unidade - Foto: Agepen-MS
Especialista indica que houve falha no sistema de segurança da unidade - Foto: Agepen-MS

Cumprindo pena por estupro, Welington Xavier fugiu em plena luz do dia

A fuga de um preso do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), localizado no Jardim Noroeste, na manhã de ontem (4), escancarou mais uma vez os graves problemas enfrentados pelo sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul: excesso de detentos e número insuficiente de agentes para garantir a segurança nas unidades, é o que avalia o delegado Fernando Lopes, especialista em segurança.

Para o delegado, houve falha na chamada “segurança orgânica” do presídio. “O presídio tem toda uma estrutura de proteção, tanto para os servidores quanto para os detentos. Mas, neste caso, algo falhou. Pode ter sido a ausência de equipamentos, como câmeras de monitoramento, ou o próprio número reduzido de agentes para cobrir todas as áreas”, afirmou Fernando.

Welington Xavier, de 43 anos, conhecido como “Cachorrão”, escapou da unidade após aproveitar um momento de distração enquanto trabalhava no setor de almoxarifado do presídio. Condenado por estupro de vulnerável, ele estava preso desde julho de 2023 e havia sido designado para o setor no último dia 12 de maio, após apresentar bom comportamento.

De acordo com informações apuradas, a fuga ocorreu quando um portão foi aberto. Ao perceber a oportunidade, o interno correu em direção à saída e, mesmo com a tentativa de um servidor em detê-lo, conseguiu escapar. Do lado de fora, uma mulher teria deixado uma motocicleta estacionada. Welington montou rapidamente no veículo e fugiu. Ele foi visto sem camisa e vestindo calça laranja, parte do uniforme padrão dos internos.

Outro fator apontado pelo delegado é o histórico de déficit de servidores na Polícia Penal do Estado, agravado pela ausência de novos concursos e pela defasagem provocada por processos judiciais e administrativos. “Temos presídios que deveriam abrigar entre 600 e 700 presos, mas que hoje operam com até 2 ou 3 mil internos. E a quantidade de policiais penais é muito pequena. Onde deveriam ter quatro ou cinco servidores por ala, temos apenas um ou dois e, às vezes, nem isso”, disse o delegado.

Segundo o especialista, essa precariedade é de conhecimento do governo estadual, mas medidas efetivas ainda não foram tomadas. “É uma situação que vem se arrastando há anos. A necessidade de concurso é urgente, mas o investimento na polícia penal não acontece na velocidade que a crise exige.”

Equipes de segurança pública seguem realizando buscas para recapturar o fugitivo. O caso também reacende o debate sobre as condições estruturais e humanas do sistema penitenciário do estado.

O que diz a Agepen?

 A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) informou que o interno Wellington Xavier foi recapturado menos de oito horas após a fuga do Instituto Penal de Campo Grande. Segundo a instituição, ele aproveitou o momento em que um caminhão saía pelo portão lateral da unidade — utilizado para entrada e saída de veículos — para escapar, com o auxílio de uma motocicleta que o aguardava do lado de fora.

A recaptura foi resultado de uma ação integrada que envolveu a Polícia Penal, por meio da Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário (GISP) e do Comando de Operações Penitenciárias (COPE), a Polícia Civil, por meio do GARRAS, e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Após levantamento de informações feito pela GISP e pela FICCO, equipes do COPE e do GARRAS realizaram diligências ao longo do dia, localizando Wellington no bairro Noroeste, em Campo Grande. Ele foi encaminhado à delegacia, onde permanece à disposição da Justiça e passará por audiência de custódia. A Agepen afirmou ainda que está apurando rigorosamente as circunstâncias da fuga e que todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas para esclarecer o caso.

 

Taynara Menezes

 

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