Segunda sessão pública sobre a Hidrovia do Rio Paraguai reacende debate sobre o projeto

Reunião pretende ouvir os moradores locais e empresários da região sobre a proposta - Foto: Reprodução-ECOA
Reunião pretende ouvir os moradores locais e empresários da região sobre a proposta - Foto: Reprodução-ECOA

Especialista destaca que o projeto pode gerar uma crise hídrica irreversível no bioma

 

Há um dia para a segunda sessão pública sobre a concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, que será realizada em Corumbá, o projeto retorna aos centros das discussões. Entre o desenvolvimento econômico e o impacto ambiental, a Hidrovia é uma proposta controversa que suscita debates entre ambientalistas e parlamentares. Visando a impulsionar a economia local, o investimento milionário pode acentuar a crise hídrica no bioma.

A sessão pública, que ocorrerá no Centro de Convenções do Pantanal de Corumbá Miguel Gómez amanhã (10), das 8h00 às 9h30, acontecerá em formato híbrido. O objetivo é discutir a concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, que compreende o trecho entre Corumbá (MS) e a foz do Rio Apa, localizada no município de Porto Murtinho (MS), e o leito do Canal do Tamengo, no trecho compreendido no município de Corumbá.

Com o investimento de R$ 63,8 milhões, a extensão total do projeto é de 600 km e prevê, nos primeiros cinco anos de concessão, a realização de serviços de dragagem, derrocagem, balizamento e sinalização adequados, construção de galpão industrial, aquisição de draga, monitoramento hidrológico e levantamentos hidrográficos, melhorias em travessias e pontos de desmembramento de comboios, entre outros serviços. O prazo contratual da concessão é de 15 anos, com possibilidade de prorrogação por igual período.

Contudo, para que o transporte fluvial funcione o ano todo, o especialista mestre em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária, Diego Viana, comenta sobre dois tipos de alterações no canal do Rio Paraguai: o aprofundamento do leito e a sinuosidade, que podem afetar de modo drástico o Pantanal. Ambos os procedimentos, que visam facilitar a navegação ao longo de todo o ano, podem gerar uma crise hídrica irreversível no bioma.

“Se nós aprofundarmos o leito do rio Paraguai, que é o principal rio desse sistema que abastece o Pantanal, nós temos o grande risco de reduzir o processo de inundação no bioma”, explica o especialista.

O biólogo acrescenta que esse não é o único impacto contra o meio ambiente. Por consequência, toda a fauna e flora que formam a biodiversidade do bioma, além de sua população, serão severamente afetados.

“Tudo isso está muito ligado à entrada de nutrientes no ambiente aquático, que vai influenciar a produtividade de algas e de plantas aquáticas, que vai ao longo das teias alimentares, das cadeias alimentares, e sustenta esse sistema como um sistema altamente abundante em indivíduos e também altamente diverso em espécies. Porque a gente sabe que todo o processo de produtividade que ocorre no Pantanal, essa abundância gigantesca de animais de forma geral, é fortemente influenciada pela grande quantidade de recursos que a gente encontra no bioma. E esses recursos são fortemente atrelados a essa questão da inundação”, esclarece.

O propósito do projeto é aproveitar o sistema fluvial do Pantanal, que é composto por diversos rios interligados, para desenvolver uma infraestrutura de transporte econômica e competitiva no mercado. O secretário executivo do meio ambiente, João Paulo Capobianco, no entanto, criticou duramente o projeto – chamando o de “crime contra o Pantanal” – durante a sua visita na Capital para o lançamento do programa Pacto Pantanal, que prevê investimento de R$ 1,4 bilhão para a região nos próximos cinco anos.

Embora haja alertas, o projeto prevê a redução do custo do transporte de cargas, que atualmente depende das rodovias, potencializando, assim, a economia local. Segundo o secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, a concessão da hidrovia deve aprimorar a movimentação de cargas e aumentar a eficiência logística de Mato Grosso do Sul, o que é importante para garantir a continuidade do desenvolvimento econômico e social sustentável do Estado

“Este é mais um projeto importante e estratégico para Mato Grosso do Sul, quando olhamos toda a questão de logística ferroviária, rodoviária e agora hidroviária”, disse em reportagem.

Audiência e participação

Para assistir à audiência, não é necessário fazer inscrição. No entanto, quem pretende contribuir virtualmente pela plataforma Teams deve se inscrever pelo aplicativo de mensagens “Whatsapp” no número (61) 2029-6940, das 9h00 às 15h00 nesta quarta (9). Por sua vez, os interessados em se manifestar presencialmente deverão se inscrever no local do evento, no dia 10 de abril de 2025, das 8h00 às 9h30.

 

 

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