Pecuária é compatível com conservação do bioma, assegura pesquisador

Nilson Figueiredo
Nilson Figueiredo

MS pode receber projeto de Fazendas Pantaneiras Sustentáveis, adotado em MT

A pecuária, mesmo que ocupando 93% do bioma Pantanal, é compatível com a conservação, segundo o pesquisador da Embrapa Pantanal, Walfrido Tomas. Ele afirma que o Pantanal está bem conservado e que menos de 15% das paisagens foram alteradas, até então. Em Mato Grosso do Sul, o bioma ganhou destaque após o Ministério do Meio Ambiente criticar, por meio de uma nota técnica, os percentuais de supressão previstos no decreto estadual nº n° 14.273, que define 60% de vegetação nativa de campo e 50% de vegetação nativa florestal. Segundo a pasta federal, essas taxas são “permissíveis” à destruição do Pantanal.

Diante dos fatos, o governo estadual suspendeu as licenças para supressão de vegetação nativa no Pantanal até que fique pronta a nova legislação sobre o uso do solo do bioma. Inclusive, a suspensão faz parte do planejamento para a elaboração da 1º Lei do Pantanal. Entretanto, conforme dados apresentados pelo Estado, mostram que o bioma conta com quase 85% de sua cobertura original preservada.

“O Pantanal não tem perdido espécies e está bem conservado, com os ecossistemas ainda mantidos, apesar dos incêndios catastróficos de 2020, que foi uma combinação de fatores climáticos que levaram àquilo e causou impacto em todo mundo. Mas, de um modo geral, as atividades econômicas do Pantanal estão sendo reconhecidas como sustentáveis até esse ponto”, assegurou o pesquisador

Ainda conforme Waldrido, é preciso tomar cuidado com o movimento de ampliação da produção pecuária, para que ela não deixe de ser sustentável. “Há um movimento de intensificar a produção pecuária, e isso tem potencial de ganhar uma escala muito grande, já que a pecuária é 93% do bioma, então, a gente tem que estabelecer critérios para manter essa pecuária que é sustentável até hoje, reconhecida e valorizada como sustentável”, acrescentou.

 

1º Fórum Pontes Pantaneiras

O pesquisador da Embrapa Pantanal participou, nesta quinta-feira (17), de uma mesa-redonda sobre pecuária sustentável dentro do 1º Fórum Pontes Pantaneiras, que está ocorrendo na Capital, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, com o intuito de dialogar sobre o Pantanal.

“Eu mediei uma mesa que é focada em pecuária sustentável, redes de propriedades sustentáveis e isso é uma estratégia muito importante para estabelecer governanças locais em que os participantes fazem acordo entre si sobre a forma de fazer pecuária, de fazer negócio e fica muito mais fácil de estabelecer agendas comuns a fazer, por exemplo, influenciar políticas públicas favoráveis à sustentabilidade, ganha-se uma série de vantagens”, explicou.

Um dos participantes da mesa-redonda foi o técnico da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Marcos Carvalho, que, em parceria com a Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), Embrapa Pantanal e o SenarMT desenvolveram o projeto “Fazenda Pantaneira Sustentável”. Ideia, inclusive, que a Embrapa já estuda expandir para todo o bioma, segundo a chefe-geral da Embrapa Pantanal, Suzana Salis.

“A preocupação da Embrapa é proporcionar o desenvolvimento econômico do homem que está no Pantanal, aliado à conservação do bioma. A gente também tem que manter o homem pantaneiro produzindo, porque ele é um elemento importante para a conservação do Pantanal. Então, a ideia é expandir para todo o Pantanal, mas, de início, é no Mato Grosso que está sendo executado”, disse.

O projeto teve início em 2019 com 15 propriedades rurais do bioma, no Mato Grosso e, de acordo com Marcos, já foi possível obter resultados positivos. “Resultados muito interessantes, de melhoras e dos índices dessas propriedades, melhora na rentabilidade. E com os dados do projeto estamos conseguindo fazer política pública dentro do nosso Estado, com melhorias em relação a mais segurança jurídica”, declarou.

Marcos também reforçou o trabalho da pecuária para a conservação do Pantanal. “No Mato Grosso, por meio de um estudo feito por satélite das queimadas que ocorreram, fazendo um mapa de calor da população bovina, conseguimos confrontar essas duas imagens e entender que onde tinha gado e pessoas, fazendas produtivas, não aconteceu o fogo ou foi com uma intensidade muito menor do que em áreas extremamente preservadas. É necessário discutir o Pantanal e mostrar o papel que o gado tem”, finalizou.

 

Por – Rafaela Alves

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *