Maioria dessa população no Estado está em áreas rurais e enfrenta precariedade no acesso a saneamento básico
Mato Grosso do Sul reúne 9,89% de toda a população indígena que vive em Unidades de Conservação (UCs) no Brasil, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo IBGE. Esse dado coloca o Estado entre os três com maior proporção de indígenas vivendo em áreas ambientalmente protegidas, ao lado da Paraíba e do Amazonas. A maioria dessas pessoas está em áreas rurais e enfrenta problemas estruturais graves, especialmente no acesso à água potável, coleta de lixo e esgotamento sanitário.
No total, o Brasil tem 11,8 milhões de moradores em UCs, o que representa 5,82% da população do país. A maior parte vive em áreas de uso sustentável, como áreas de proteção ambiental (APA) e reservas extrativistas. Apenas 1,11% está em UCs de proteção integral, que não permitem uso direto dos recursos naturais. Nessas, o uso é restrito a atividades como pesquisa científica ou visitação controlada.
A presença indígena em UCs chama atenção tanto pela quantidade como pela vulnerabilidade. Em todo o país, 132.804 indígenas vivem em UCs, e mais da metade (51,27%) está em áreas rurais.
Precariedade estrutural
A falta de estrutura é um dos maiores desafios para quem vive dentro das UCs. De acordo com o IBGE, 40,34% dos moradores dessas áreas convivem com pelo menos uma forma de precariedade no saneamento básico. O número sobe para 59,94% entre os domicílios com moradores indígenas e para 85,94% quando se trata de domicílios com quilombolas. A situação mais crítica é a ausência simultânea de água tratada, esgoto e coleta de lixo, que atinge mais de 856 mil pessoas.
No caso das áreas de proteção integral, consideradas as mais restritivas entre as categorias de manejo, 4,87% dos domicílios não têm sequer banheiro ou sanitário. A média nacional é de 0,59%.
Perfil dos moradores
A maioria dos moradores em UCs se autodeclara parda (51,12%), seguida por brancos (35,82%) e pretos (11,92%). Quilombolas representam 2,39% da população residente nesses territórios, e indígenas, 1,12%. Embora minorias em termos percentuais, essas comunidades são as mais afetadas pelas deficiências estruturais.
Em relação à gestão das UCs, 66,47% da população vive em unidades sob responsabilidade dos estados. No Mato Grosso do Sul, no entanto, apenas 0,92% da população residente em UCs está em áreas estaduais, uma das menores proporções do país. A maioria das UCs no Estado está sob gestão federal ou municipal, o que pode interferir na forma como são conduzidas políticas públicas de habitação, saúde e infraestrutura nessas localidades.
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