Guarani Kaiowá e Terena concentram a maior parte da população indígena no Estado
Mato Grosso do Sul abriga 139 etnias e 48 línguas indígenas, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento reforça a diversidade cultural e linguística do estado, que tem a segunda maior população indígena do país.
Das 116.469 pessoas que se declararam indígenas no Censo, quase 90% afirmaram pertencer a uma etnia. As duas maiores são Guarani Kaiowá e Terena, com 44,5 mil e 42,4 mil pessoas, respectivamente. Os Guarani Kaiowá vivem principalmente em Terras Indígenas — quase oito em cada dez estão nessas áreas. Já entre os Terena, pouco mais da metade mora fora das terras demarcadas, em grande parte em áreas urbanas.
Miranda e Dourados são as cidades com maior número de povos registrados: 11 e 10, respectivamente. Também aparecem com destaque Aquidauana, Dois Irmãos do Buriti e Amambai.
A língua Guarani Kaiowá é a mais falada em Mato Grosso do Sul, utilizada por 37,7 mil pessoas. Em seguida vêm o Terena, com pouco mais de 9 mil falantes, e o Guarani Nhandeva, com 5,5 mil. O número de línguas indígenas faladas no estado aumentou em 30% desde 2010, quando foram registradas 37.
Apesar do avanço das línguas tradicionais, o português segue predominante. Mais de 75% dos indígenas com dois anos ou mais de idade dizem falar português em casa. O uso da língua portuguesa também cresceu dentro das Terras Indígenas — de 58,6% em 2010 para 64,7% em 2022.
De acordo com o pesquisador do IBGE Fernando Damasco, a expansão do português está ligada à urbanização e à falta de políticas de ensino em línguas nativas. “Em muitas situações, por racismo e discriminação, os indígenas foram obrigados a deixar de utilizar suas línguas no cotidiano e em espaços públicos”, explicou.
Mesmo assim, o número de falantes de línguas indígenas aumentou. Entre 2010 e 2022, passou de 41 mil para 55 mil pessoas. O estudo também mostra que quem fala português e uma língua indígena tem taxa de alfabetização mais alta: 88,7%.
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