Incêndio na Base Aérea de Campo Grande assusta moradores e reacende alerta sobre recorde de queimadas em MS

Foto: imagem ilustrativa/Freepik
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Um incêndio de grandes proporções na Base Aérea de Campo Grande assustou moradores na noite de segunda-feira (20). As chamas começaram entre 22h e 0h, dentro da área militar, e chegaram a ultrapassar o muro da base.

Com o vento forte, a fumaça e as cinzas se espalharam rapidamente, invadindo casas próximas e deixando o ar irrespirável em parte da região. Na manhã desta terça-feira (21), as chamas já haviam sido controladas, mas a fumaça ainda era intensa.

Apesar da proximidade do local com o Aeroporto Internacional de Campo Grande, a administração informou que os voos seguem normalmente, sem necessidade de uso de instrumentos para pousos e decolagens.

As causas do incêndio ainda não foram divulgadas, mas o caso ocorre em um momento em que Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional de emissões de carbono por queimadas, conforme aponta um relatório internacional divulgado nesta semana.

 MS lidera emissões de carbono por incêndios no Brasil

De acordo com o State of Wildfires Report 2024-2025, elaborado por uma rede internacional de 60 instituições e especialistas de 20 países, Mato Grosso do Sul registrou o maior índice de emissões de carbono por incêndios de todo o Brasil nesta temporada — um aumento de 323% em relação à média histórica.

O estudo revela que o Estado também apresentou crescimento de 90% na área queimada, totalizando 23 mil km², o segundo maior do país. Apenas o Pará superou o número, com 36 mil km². O relatório aponta que o volume inédito de emissões indica que os incêndios atingiram áreas com alta densidade de carbono, como florestas e solos de turfa, intensificando a liberação de gases de efeito estufa.

Pantanal em colapso e impacto climático

O Pantanal, bioma compartilhado por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bolívia, foi uma das áreas mais afetadas. As perdas econômicas são estimadas em R$ 1,2 bilhão, com uma área queimada quase três vezes maior que a média histórica (196%).

Os pesquisadores destacam que o fogo foi agravado pela seca prolongada desde 2019, pelas temperaturas acima de 40 °C e pelas chuvas até 60% abaixo da média. Essa combinação transformou a vegetação em combustível, criando as condições para o que o relatório classifica como “queima extrema”.

O levantamento também analisou outros grandes incêndios ocorridos no último ano, como os do sul da Califórnia (EUA), nordeste da Amazônia, Pantanal-Chiquitano (Brasil e Bolívia) e Bacia do Congo (África). Entre março de 2024 e fevereiro de 2025, o planeta registrou 3,7 milhões de km² queimados, com 8 bilhões de toneladas de carbono emitidas — 9% acima da média global desde 2003.

Os cientistas alertam que as mudanças climáticas estão tornando os incêndios mais frequentes e severos, com impactos diretos sobre saúde pública, segurança alimentar e populações tradicionais.

Com a COP 30 marcada para novembro, em Belém (PA), o relatório cobra ações concretas de mitigação e adaptação, como redução de emissões, gestão de terras, sistemas de alerta e prevenção.

Os autores também pedem que a ONU revise suas diretrizes sobre incêndios florestais, reconhecendo as perdas reais de longo prazo e incluindo o tema no Fundo de Perdas e Danos para apoiar países mais vulneráveis.

O documento completo pode ser consultado no site oficial do estudo: State of Wildfires Report 2024-2025.

 

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