Há 14 anos, Elizabeth transforma a própria residência em um cenário de magia e celebração

Foto: Roberta Martins
Foto: Roberta Martins

Na Vila Duque de Caxias, decoração carregada de tradição e amor encanta quem passa pelo local

 

“Parece cenário de filme”. O comentário é recorrente entre quem passa em frente à casa de Elizabeth Grisolia Strobel, de 75 anos, localizada na Vila Duque de Caxias em Campo Grande. Desde 2011, a residência se destaca no período natalino e se tornou referência pela decoração que chama a atenção de moradores e visitantes, transformando a rua em um ponto de encanto.

Há 14 anos, Elizabeth mantém a tradição de decorar a própria casa e levar a magia do Natal. Mais do que ornamentação, a iniciativa se consolidou como uma forma de bem-estar, celebração e compartilhamento do espírito natalino, despertando emoção em quem observa.

Tradição construída desde a infância

A dedicação às datas comemorativas não se restringe ao Natal. A casa também recebe decorações especiais na Páscoa e no São João, reforçando o vínculo com tradições culturais e familiares. Segundo Elizabeth, o costume vem da infância e tem raízes na história da família.

Elizabeth reforça a importância de manter a tradição de decorar a casa para festividades – Foto: Roberta Martins

“Minha família da parte da minha mãe é italiana e a do meu pai é alemã. Essas pessoas gostam de arrumar a casa. Quando é Natal, todo mundo arruma, coloca luzes, faz decoração. Eu fui acostumada desde pequena, por isso levo isso até hoje”, relata.

Mesmo com o passar dos anos, ela garante que a tradição continuará enquanto for possível. “Eu falo para o meu marido, e ele brinca dizendo que já chega, mas eu respondo: enquanto eu aguentar, eu vou fazer. É uma coisa que eu gosto muito. Eu faço no Natal, na Páscoa e no São João”, completa.

As peças decorativas vêm de diferentes partes do mundo. Ao longo dos anos, Elizabeth adquiriu enfeites no Brasil e no exterior, como França e Argentina. Desde o início do projeto, em 2011, ela reuniu dezenas de objetos natalinos e, a cada ano, renova parte do acervo para inovar na composição.

A decoração começa pela própria estrutura da casa, que se diferencia das demais da região. O imóvel foi projetado pelo marido, Júlio César, arquiteto e urbanista, em estilo americano colonial, o que contribui para a ambientação natalina. Na fachada, chamam atenção guirlandas, árvore de Natal, iluminação temática, enfeites variados e até trilha sonora.

Foto: Roberta Martins

Espírito natalino

Em anos anteriores, o destaque foi tão grande que Elizabeth chegou a abrir a residência para visitação. “As pessoas ficavam encantadas, pediam para entrar, tirar fotos. Teve gente que chorou ao entrar, talvez por lembrar da infância”, relembra. “Muitos visitantes relatam sensação de alegria, paz e acolhimento”, complementa.

Em 2025, no entanto, a tradição quase foi interrompida. Com o marido internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), Elizabeth pensou em não montar a decoração. O momento delicado afetou o ânimo para manter o ritual anual. Ainda assim, decidiu manter a tradição. “Mesmo rápido, eu montei. É uma coisa que faz bem”, afirma.

Além da decoração, Elizabeth também associa o Natal à solidariedade. Todos os anos, ela doa cestas natalinas e recebe mensagens deixadas por moradores na caixa de correio. “É muito gratificante ver as pessoas felizes. Natal não é só presente, é acolhimento, amor e ajudar quem precisa”, destaca.

A casa também é palco de encontros familiares. Tradicionalmente, Elizabeth reúne parentes para a ceia de Natal. Neste ano, nem todos conseguiram estar presentes, mas a principal expectativa é o retorno do marido para casa e a possibilidade de passarem as festividades juntos. Para ela, o Natal tem um significado que vai além da decoração. “É uma data que representa o nascimento de Jesus. É uma época de paz, de união, de celebração e de harmonia entre as famílias, porque é quando todo mundo fica junto”, afirma.

Mesmo percebendo que a tradição vem se perdendo em algumas regiões da cidade, Elizabeth segue firme no propósito de manter o espírito natalino vivo. “Procuro fazer a minha parte. Este ano, em Campo Grande, eu quase não vi casas decoradas. Às vezes tem uma luzinha, mas você não vê uma guirlanda na porta. Parece que as pessoas estão perdendo a vontade”, avalia.

Segundo ela, muitos moradores comentam que esse tipo de decoração é algo que costumam ver apenas em filmes. Para Elizabeth, isso reforça a importância de manter a tradição. “Traz uma magia, o espírito natalino”, diz.

A cada ano, a decoração ganha um novo formato. A árvore de Natal nunca se repete. “Todo ano eu faço diferente. Este ano, como não tive muito tempo, resolvi pegar tudo o que eu tinha e colocar na árvore. Ficou criativa, ficou bonita. No ano passado, fiz o tema Disney, ficou linda”, conta.

O impacto da decoração também é percebido na reação de quem passa pela rua. “Você vê as pessoas alegres. Teve ano que eu quase não montei e o pessoal perguntava: ‘a senhora não vai montar esse ano? É tão bonito, a gente fica tão feliz’. Aí eu resolvi montar”, relembra.

Há 14 anos, a decoração deixou de ser apenas um hábito pessoal e passou a integrar o cotidiano afetivo de quem passa pela rua, consolidando-se como símbolo de fé, memória, emoção e esperança em Campo Grande.

 

Por Geane Beserra

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